Assim é viver. Conhecer a própria história. Seguir os acontecimentos qual se deles nem fôssemos também os responsáveis. No entanto, observadores fieis dos movimentos dos astros na nossa consciência. Parceiros de todos os detalhes, atores de todas as cenas, instrumentos de nossas reações e sujeitos de nossas atitudes. Ninguém, ainda que o deseje, viverá à margem das ocorrências em volta. Pelo não, pelo sim, haveremos de determinar o quanto mereçamos. Disso vêm interpretações de como participar da natureza, oferecer o melhor do que somos e aceitar as consequências do passado, porta aberta de um futuro promissor.
Somos nós as nossas escolhas diante dos dias. Há,
entretanto, padrões eternos que determinam o jeito exato em que firmar os
passos e conduzir as ações, isto que bem caracteriza a liberdade. Somos livres à
medida que agimos conforme leis morais superiores, pois as nossas simples
escolhas fazem delas apresentar os frutos do que façamos. Daí os conceitos de
tantos pensadores que trabalham esse modo de agir dos humanos. Livres enquanto
pautam seus praticados nos limites do aprimoramento, os quais nascem do tempo em
nossa consciência. São leis efetivas, semelhantes a leis materiais, por
exemplo. Ninguém foge ao destino que assim determinou, por isso.
De tal modo, o sonho de felicidade significa sonho de
harmonia com o ritmo e a melodia das existências, até compreender o valor de
obedecer aos tais padrões inevitáveis e enxergar o equilíbrio diante das leis
eternas sob que nos vemos submetidos, a rumo de evoluir, espécie de
determinação inderrogável de tudo quanto existe. Quase que meras testemunhas,
pois, da Salvação, eis aqui o itinerário da evolução de que somos sujeitos e
objetos em um único ser. O que nos cabe, porém, nesse percurso universal das
criaturas representa a fórmula ideal de conhecer e exercitar os ditames desta
sinfonia de que significamos os principais protagonistas durante as eras sem
fim.
(Ilustração: O pagamento, de Pieter Brueguel o Jovem).