No meu segundo ano de Bahia, 1972, vivendo em Salvador, ali seria montado, no Teatro Castro Alves, o musical Hair, isto depois de sucesso excepcional, entre São Paulo e Rio de Janeiro, desde a primeira apresentação, no ano de 1969. Lançada em Nova York dois anos antes, a peça de Gerome Ragni e James Rado chegava ao Brasil numa fase politicamente repressiva ao tempo do movimento hippie, que se expandia pelo mundo inteiro; tempo de Guerra do Vietnã e da contracultura. Lá adiante, ganharia também uma versão cinematográfica de destaque.
Dotada de nomes que depois tornar-se-iam a base dos
elencos brasileiros do cinema, da televisão e do teatro, a exemplo de Ney
Latorraca, Antônio Fagundes, Altair Lima, Aracy Balabanian, Sônia Braga,
Armando Bogus, José Luiz de França Penna, Helena Ignez, José Wilker, Nuno Leal
Maia, Neusa Borges, Luiz Fernando
Guimarães, Antônio Pitanga, Ney Latorraca, Denis Carvalho, dentre outros
não menos cotados, eram dirigidos por Ademar Guerra, numa montagem considerada
pela crítica internacional como a melhor editada de todos os países aonde viera
a público. Dos aspectos mais emblemáticos da produção, ao final do primeiro ato,
a peça apresentava um banho coletivo, ato era marcante, em que todos os atores
ficavam despidos durante 30 segundos, uma das motivações a muitos dos
espectadores que lotavam o teatro.
Eles
saiam de cena, as cortinas fechavam e abriam com todos sem roupa de mãos dadas
e jogavam margaridas pro público.
Muitos
iam ver por causa dessa cena, mas a peça era excepcional, pelo movimento dos
atores e pelas músicas maravilhosas.
...
Nesse tempo, aos finais de semana, eu, sempre, visitava
uma família de amigos no Bairro do Rio Vermelho, na Rua Fonte do Boi, o casal
Gérson Penna e Ieda França, sendo ela originária de Crato. Com eles passaria momentos
inesquecíveis, de atenção e fraternidade. Moravam próximo da praia, defronte ao
Morro do Conselho, cercados de dez filhos, alguns de minha idade, dentre eles José
Luiz Penna, atual Presidente do Partido Verde no Brasil. Nisto, numa daquelas
visitas, ofereceriam um jantar a todos que trabalhavam no Hair, em Salvador, a maioria desses nomes citados acima. Tive,
pois, a oportunidade de vê-los de perto, motivo de rara emoção, a conhecer
tantos profissionais de escol no início de carreiras brilhantes, dos principais
elencos da cena brasileira, dentre os quais o caririense José Wilker.
Quis, assim, registrar aquela ocasião, um dos
pontos altos de minhas vivências na Boa Terra, enquanto escuto, com saudade e
carinho, músicas da trilha sonora do espetáculo, tais como Let the Sunshine
In e Good Morning Starshine, que, quase cinco décadas passadas,
permanecem vivas na lembrança de nossa geração de tantas e valiosas
experiências culturais.
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