A historiadora Valdirene do Carmo Ambiel -- no seu livro “O novo grito do Ipiranga” -- afirma que “Dona Leopoldina foi uma personagem muito cultuada e admirada no século XIX (ou seja, no Brasil Imperial), mas infelizmente quase esquecida no XX” (ou seja, depois da instauração da República no Brasil).
Mas
isso não ocorreu por acaso e sim de forma programada pelas novas
autoridades republicanas. Aliás, no prefácio do livro acima citado,
Cláudio Prado de Mello escreveu: “A partir de informações passadas pelos “vencedores”, (ou seja, os golpistas republicanos responsáveis pela derrubada da monarquia em 15 de novembro de 1889) que
formataram os livros de História no início do século XX, eles contaram
“sua versão da História” do período monárquico sob a ótica de uma temida
Restauração que algum dia poderia ocorrer”.
Já o Prof. Paulo Napoleão Nogueira, em artigo publicado no “Diário Oficial Leitura escreveu: “Nos
cem anos nos quais vigorou a proibição de sequer falar-se em monarquia, o
País foi programaticamente induzido a esquecê-la. Diretrizes
governamentais de todos os tipos, explícitas ou dissimuladas, foram
adotadas nesse sentido. Substituíram Pedro I por José Bonifácio, mas a
figura do Patriarca não calou fundo, além do que ele próprio era um
defensor da monarquia”.
Anos atrás, o historiador Paulo Rezzutti, escreveu um livro, “D. Leopoldina: a História Não Contada”. A revista “Veja” divulgou o texto abaixo sobre este livro:
“Culta,
esclarecida e decidida, Leopoldina dedicou-se com fervor ao movimento
pela separação de Portugal depois que a corte de dom João VI retornou à
Europa, o herdeiro Pedro permaneceu como seu representante e o Brasil se
viu na iminência de voltar a ser mera colônia”. “Ela se apaixonou pela
causa e abandonou o sonho de retornar à Áustria. “Costumo dizer que o
‘fico de Leopoldina é bem anterior ao de dom Pedro”, diz o pesquisador
Paulo Rezzutti, autor do livro acima citado.
“Além da preocupação sincera com o futuro dos brasileiros ela era querida e admirada pela população, a mulher de dom Pedro tinha motivos muito práticos para apoiar a independência. Independentemente das razões que a moviam, a relevância política de Leopoldina é incontestável. Em pelo menos três ocasiões em que viajou, dom Pedro a instalou como sua representante no Rio. Ela presidia o Conselho de Estado, órgão que assessorava o príncipe, na sessão de 1822 em que os conselheiros se puseram a favor da separação do Brasil de Portugal e da contratação de mercenários para a luta contra as tropas portuguesas. O passo seguinte foi o grito às margens do Ipiranga”. “A biografia retrata com pinceladas até então desconhecidas a jovem arquiduquesa da rica e poderosa casa austríaca de Habsburgo que se casou por procuração com dom Pedro".
Bandeira do Brasil, criada em 1822. O verde representava a cor da
Casa de Bragança (do Imperador Dom Pedro I) e o amarelo representava a
cor da Casa de Habsburgo (da Imperatriz Leopoldina)