Durante
viagem ao interior da Província de Minas Gerais, o Imperador Dom Pedro
II observou, em meio à multidão compacta, uma negra que fazia grande
esforço para se aproximar dele, mas as pessoas à sua volta procuravam
impedi-la. Compadecido, o Soberano ordenou que a deixassem se aproximar.
A mulher se apresentou:
– Meu senhor, eu sou Eva, uma escrava fugida, e venho pedir a Vossa Majestade a minha liberdade.
O
Imperador mandou tomar as notas necessárias e prometeu lhe dar a
liberdade quando regressasse. E efetivamente entregou à cativa seu
documento de alforria.
Anos
mais tarde, indo a uma das janelas do Paço de São Cristóvão, no Rio de
Janeiro, Sua Majestade viu que um guarda tentava impedir que uma negra
idosa entrasse. Sua memória prodigiosa imediatamente reconheceu a
ex-escrava mineira, e o Soberano ordenou:
– Entre aqui, Eva!
A
mulher se precipitou porta adentro e entregou ao Imperador, seu augusto
protetor, um saco de abacaxis, colhidos na roça que ela havia plantado
após ganhar sua liberdade.
(Baseado em trechos do livro “Revivendo o Brasil-Império”, de autoria de Leopoldo Bibiano Xavier).