Histórica imagem de Nossa Senhora dos Prazeres, que se venera na
Igreja de N.S. dos Prazeres dos Montes Guararapes, em
Jaboatão - Pernambuco
Agosto
chegou. Nasci e cresci na Paróquia de Guaraciaba do Norte que tem a
celebração de sua Padroeira, Nossa Senhora dos Prazeres, no período de
05 a 15 de agosto. As primeiras notícias que temos da festa é que seu
ápice se dava no dia 6 de janeiro, dia de Reis, uma das alegrias de
Nossa Senhora. Depois da proclamação do Dogma da Assunção de Nossa
Senhora, dada na festa de Todos os Santos de 1950, a festa passou a ser
celebrada em agosto. E, muitas gerações de cristãos celebram suas
padroeiras com títulos de Nossa Senhora sem data fixa com festa em 15 de
agosto. Numa cidade que nasceu no entorno da pequena capela dedicada à
sua Padroeira, esse se constitui o período mais importante da vida
religiosa e social, pois, após as celebrações têm sempre parque,
barracas e mais atividades.
Em nossa Diocese de Sobral temos várias paróquias em celebração no
período de cinco a 15 de agosto. Inicialmente abordei minha paróquia
natal. Embora em termos de Diocese me considere da Diocese de Sobral e
por ser da nobre e pontifícia Ordem Equestre do Santo Sepulcro de
Jerusalém, ser um pouco da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de
Janeiro, meu cordão umbilical me lembra a terra natal Guaraciaba do
Norte. Sou paroquiano naquela cidade, assim como o seu em Sobral e em
Fortaleza, onde sempre me senti parte do rebanho do saudoso Pe. Joaquim
Colaço Dourado, na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, localizada na rua
que recentemente foi oficializada como Rua Padre Joaquim Colaço Dourado,
em honra do edificador daquele templo.
Em agosto, esteja onde estiver, programo alguns dias da “festa” para
estar com meus pais e meus conterrâneos na grande celebração à nossa
Padroeira, devoção portuguesa que chegou ao Brasil junto com os
descobridores e que em mim, se inseriu na alma desde a mais tenra
infância. Foi com Nossa Senhora dos Prazeres que aprendi a confiar na
mãe de Deus como minha mãe também e mãe de todos!
A primeira notícia que temos do festejo de Nossa Senhora dos Prazeres
em Guaraciaba do Norte é no então povoado de Campo Grande, no dia 6 de
janeiro de 1761, oportunidade que foi abençoada a primeira capela
dedicada à padroeira. A partir daí se faz a contagem da festa. Este é o
259º ano da devoção. O povo guaraciabense é um povo de profunda
religiosidade. Dos 132 anos de instalação da Paróquia, 54 fora a
Paróquia dirigida pelo mesmo pároco, santo no coração dos que o
conheceram, Mons. Antonino Cordeiro Soares, falecido em 1990.
As celebrações deste ano, a cargo dos padres agostinianos recoletos,
que tão bem administram a Paróquia desde 1999, serão remotas. Não é a
primeira vez que digo que este é ano atípico e não teremos celebrações
campais, barracas, parques, aglomerações, esta última, palavra tão
temida nos últimos meses. Nosso Pároco, Frei Santiago Martinez, reuniu
as lideranças paroquiais para decidir sobre a situação da festa e,
prudentemente, se chegou à conclusão de que a festa será realizada
remota. Acompanharemos de nossos lares. Mas, no dia da Padroeira, uma
procissão, sem acompanhamento de pessoas, percorrerá as ruas da cidade
com a imagem histórica de Nossa Senhora dos Prazeres. Que a exemplo do
que ocorreu em Lisboa, no distante ano de 1599, Nossa Senhora traga o
fim dessa pandemia!
Santa Mãe dos Prazeres, sobre nós lançai o olhar.
(*) José Luís Lira
é advogado e professor do curso de Direito da Universidade Vale do
Acaraú–UVA, de Sobral (CE). Doutor em Direito e Mestre em Direito
Constitucional pela Universidade Nacional de Lomas de Zamora (Argentina)
e Pós-Doutor em Direito pela Universidade de Messina (Itália). É
Jornalista profissional. Historiador e memorialista com mais de vinte
livros publicados. Pertence a diversas entidades científicas e culturais
brasileiras.