Bem no instante quando tudo vira musicalidade e parece querer existir longe dos intrusos que escutam o gotejar dos sentimentos, bem ali, moleque vadio entre o nada e as existências, vem esse desejo forte de libertar firmamentos, astros acesos na distância, e mergulhar solto por demais na brisa que balança as árvores impacientes. Logo depois mais calmas.
Há profusão de seres reunidos em meio do perfume e das folhas que se agitam. E saber o que isto significará uma resposta ao desejo de interpretar o curso do Universo e das almas. Há que largar pedras e caminhos e abandonar conceitos e respostas, antes de a consciência desistir de procurar, e aceitar só a inexistência qual razão luminosa de além do horizonte. Entretanto antigos ídolos ainda vagam pelas sombras feitos fantasmas de almas em perdidas aventuras, e choram abandonados diante de quem ali os deixara assim ausentes e solitários.
(Ilustração: Valdimir Kush).