É de decepção generalizada os sentimentos da nossa população com os atuais rumos da república brasileira. A bem dizer, as "instituições republicanas" são frequentemente surrupiadas e violadas para favorecer aos interesses de alguns grupos políticos corruptos. Um magote de larápios e incompetentes aboletou-se, nos últimos anos, do poder através da enganação e demagogia rasteira, beneficiando-se com propinas e desvios do dinheiro público, tudo voltado para enriquecimento ilícito, em detrimento das necessidades e direitos dos demais cidadãos brasileiros.
Essas frustrações estão provocando uma reação inesperada: as manifestações de saudosismo da época que nossa nação era o respeitável e honrado Império do Brasil. Isso vem comprovar o que se costuma dizer há mais de cem anos: em todo republicano existe um monarquista que dorme. Li, dias atrás, uma notícia na imprensa de Belo Horizonte, dando conta de uma cerimônia para a entrega do Colar do Mérito Judiciário do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais ao Imperador Dom Pedro II.
O Colar de Mérito é concedido, desde 1983, a pessoas e instituições, nacionais ou estrangeiras, em virtude de seu destaque na prestação de serviços relevantes à Justiça ou à cultura jurídica daquele Estado. A comenda foi outorgada, pela primeira vez, em caráter post morten, ao Imperador Dom Pedro II, pelo fato de Sua Majestade ter assinado Decreto Imperial, em 1873, criando o Tribunal de Relação de Minas Gerais, instalado no ano seguinte. Contudo, o Imperador jamais havia sido, até os dias de hoje, oficialmente homenageado por esse ato, que originou o atual Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais.
Uma solenidade dessas era inimaginável de acontecer numa terra que antes cultivava os ideários republicanos. E isso desde a época de Tiradentes, ou seja, desde o século XVIII. Observadores concluíram que o ideário republicano se exaure a passos rápidos nas Minas Gerais. A corrupção está corroendo a hoje “republiqueta” brasileira. E o povo busca novas lideranças e reservas morais para tirar do atual estágio de enfermidade moral a República Federativa do Brasil.
A cerimônia foi realizada no Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Na foto, o Presidente, Desembargador Dr. Geraldo Augusto de Almeida, na condição de líder do Judiciário de Minas Gerais e Chanceler da Ordem de Mérito, entrega ao Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança a comenda outorgada post morten ao seu tetravô, o Imperador Dom Pedro II.