Nos tempos dagora, dispostas as experiências que levaram às ideologias, vazio imenso se estende no caminho das alternativas sociais jogadas fora. Insistir nas previsões anteriores das verdades supostas e impostas a sangue e fogo, esse período esfarinhou a história. Demasiadas situações de risco correm os grupamentos humanos à busca de concretizar verdades aparentes, o que custou gerações sucessivas e traumas, no decorrer das aventuras disso tudo de governos parciais e cruéis. Líderes dotados de carisma e determinação impuseram modelos trágicos de estados só ideológicos, a ponto de marcar gerações inteiras com os frutos das artificialidades totalitárias.
Porquanto ideologias demonstram o esgotamento das discussões de princípios e reservam a si o mérito de donas exclusivas da certeza; na prática, o preço de tais imposições de interesses a serviço de grupos de poder representam estados de polícia em detrimento dos postulados do poder pelo povo.
Quis ingênuos instrumentos em mãos inescrupulosas, os humanos baixam a cabeça diante das tais intenções ideológicas, ao ponto de aceitar, pela ausência de atitudes, o turno político dos famigerados ditadores. A memória coletiva, no entanto, guarda os traumas ocasionais das guerras civis e das conflagrações generalizadas, daí formulando, no decorrer dos séculos, a consciência do tanto que necessita de progresso e conquistas civilizatórias vindas da organização política.
Enquanto ruem os surtos ideológicos em decadência, vêm dias claros da paz e dos sonhos de épocas benfazejas, porém a levar em conta o empenho dos cidadãos em adotar doutrinas dignas e lúcidas no transcorrer das suas escolhas dos tempos atuais.
(Ilustração: Rembrandt, em A ronda da noite).