Estudos consideram que poesia é a filosofia no estado original, através de que os escritores transcrevem segredos de mundos inalcançáveis ao comum dos mortais. Nos poemas, a razão encontra o coração e transmite força de viva verdade interna às pessoas, enquanto a música bem significa já o coração a recorrer aos instrumentos da razão material na formação dos sentimentos em forma de enlevo e revelação das fibras íntimas do ser em notas e sabores doutras percepções. A religião no estado puro. Daí, os códigos acessíveis a toda cultura humana por meio da música divina.
A oralidade, ao seu modo, conduz religiões aos milênios. O mesmo ouvido que recebe a sublimidade da música também oferece espaço aos ensinos da consciência pela mística de voz e ouvidos vida afora.
Abre assim a música os portais da imortalidade na beleza dos sons que propagam na luz e amplia visões e sentimentos. Ciência de extrema valia durante o desenvolvimento da Humanidade, sustenta os laços da sensibilidade e dos amores puros. Quantas paisagens infinitas e eternas multiplica a música no correr do tempo. Sentido abstrato por natureza, a audição testemunha existência das possibilidades da mente e do coração em um amálgama requintado. Ali ambos reúnem em único bloco o supremo poder de tudo quanto existe e existirá, harmonia dos sons que no princípio era o Verbo, e Ele, ao se fazer carne, veio habitar entre nós, eco perfeito da perene Eternidade mãe.