Parlamento. O povo negro e o poder
134 anos depois da abolição da escravatura no Ceará, é baixa a representatividade negra na política
(Excertos de matéria publicada no jornal O POVO, 25-03-2018)
Detalhe do quadro de Auguste François Biard “A abolição da escravatura”
O Ceará foi a primeira província brasileira a libertar os escravos, quatro anos antes da abolição da escravatura no Brasil. São 134 anos desde então, comemorados hoje. Na política cearense — assim como no restante do País — a pouca presença de representantes negros define uma realidade, no mínimo, controversa: a minoria é quem representa a maioria. Dos 89 parlamentares da Câmara de Vereadores de Fortaleza e da Assembleia Legislativa do Ceará, apenas dois são negros.
Abolição
Um grupo de jangadeiros, em 1881, decidiu que não mais transportariam escravos até o Porto de Fortaleza. Francisco José do Nascimento, o Chico da Matilde, os liderava. “No porto do Ceará não se embarcam mais negros” é a frase atribuída a ele.
Redenção
Em 1883, o movimento emancipador da Sociedade Cearense Libertadora consegue alforria dos escravos da vila de Acarape (Redenção). Meses depois, o movimento é realidade também em Fortaleza e segue para Mossoró, no Rio Grande do Norte.
25 de março
Em 25 de março de 1884, a abolição da escravatura é declarada no Ceará. A ação acontece quatro anos antes da Lei Áurea.
Dragão do Mar
Chico Matilde é homenageado nas celebrações e então ganha o apelido de Dragão do Mar. Ele nasceu em Canoa Quebrada, em 1839, e faleceu em Fortaleza, em 1914.
Pressão nacional
Com o movimento cearense, o governo imperial se vê pressionado. Em 1885 decreta a Lei do Sexagenário, que alforria escravos com mais de 60 anos.
Lei Áurea
Três anos depois a Lei do Sexagenário, em 13 de maior de 1888, é decreta a Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel.