Comecei a frequentar a Praça Siquera Campos nos anos de 1972, 1973... e naquele logradouro, na minha adolescência, presenciei vários momentos do dia a dia da cidade, nos mais diversificados acontecimentos: sociais, esportivos, políticos, religiosos. Havia, a Sorveteria Cariri, onde hoje se localiza o Banco Bradesco. O cine Cassino, a lanchonete de Antonio Siebra. A banca do Juciê, ao lado da Sorveteria Cariri. A movimentação, ali, era intensa, dia e noite. O Cine Cassino, exibia filmes pela manhã aos domingos, 16, 19 e 21 horas. Seu Mario, proprietário, Otacilio, Toin, Antonio Siebra, na bilheteria. Em frente à Sorveteria Cariri, havia uma parede de mais ou menos um metro de altura. Ali, as conversas se desenrolavam, mais precisamente, à noite. Era a turma da UDN, pois na Praça, ficavam os admiradores do PSD. Na parede os carrapatos e na Praça os gogó.
O Café Crato era de assiduidade enorme: dentistas, médicos, políticos, eletricistas, advogados, atletas de futebol, estudantes, desportistas, professores, corretores de imóveis, vendedores ambulantes... os mais variados frequentadores. José Landim, meu tio José Nilo, Walter Peixoto, Alcides seu irmão, Doutor Leônidas, Doutor Rubens Soares, Talia Marcia, João Lindemberg de Aquino, Helanio, Senhor Luis Barreto, Chiquinho Barreira, Maildes Rodovalho, Silvina, Luiza e Teresinha Monteiro Bezerra (irmãs), popular Teresa Pirão, Dolores, Regina, Antônio Luís, o Brigadeiro, Dr. Zé Ulisses, Luiz Sarmento, Seu Arildo Costa, José Albanito, Jesus, Ítalo, Heron Aquino, meus tios Oswaldo e Almério, Careca, seu Chico Justo, Alagoano, Luiz José, Luzimar, Zé Maguim, Huberto Cabral, José Lucas, Gerardo Portela... Nos bancos próximos onde trabalha o Chaguinha, Raimundo, Vicente Arame, os vereadores José Valdevino e Waldir Leite. Os taxistas: Vital, Zezito, Seu Nivaldo Peixoto e Seu Aldisio Brizeno. Três momentos "complicados", uma tentativa e dois assassinatos.
Estava sentado em um dos bancos, onde hoje trabalham os mototaxistas, em companhia do fotógrafo Zé Baixim. Chega um rapaz do bairro Seminário e solicita a ida do Zé até uma residência em frente a praça Dona Ceicinha, onde tinha sido assassinado o ex jogador e policial Capote. Acompanhei o Zé e presenciei a cena – a vítima ao chão. Outra vez, estava no mesmo local, quando o Juciê comenta: são tiros. Corri. Era um rádio técnico atirando em um motorista chamado Luis. Este corre e dobra a esquina da atual loja Toasa. Meses depois foi encontrado morto dentro do seu veículo na rodovia Padre Cícero.
O último momento relacionado ao assunto, foi em um 1º de abril de 1981, quando conversava com o Juciê na sua banca, que funcionava em frente ao cine cassino. Chega o professor Amauri Azevedo, o Maninho e fala: acabaram de matar Maninho, irmão de Briba. Eu digo é brincadeira, hoje é 1º de abril. Foi verdade. Que arrodeio, hein! Agora, a turma da Praça. Ah, quanta saudade! Quantas lembranças e saudosas recordações! Antônio Jorge, Zagueirão, Etin, Didio, Airton, Amilton, Ailton, Marcelo, Demontier, Nanida, Osvaldo, Vicente, Helio Funerária, Otoniel, Marcos, Joãozinho, Dorgival, Chico Dunga... rolava política, mulher, religião, cinema, economia e o assunto mais intenso: FUTEBOL. Os rachas na quadra Bicentenário, as festas no Cição, Aquários, Gaibu. O Carnaval no Tênis. No final do ano havia a eleição: o mais ruim de bola e o mais feio da Turma. Até fogos soltavam.
Foi nesse ambiente que surgiu o time com o nome da Praça: O Siqueira Campos. Marcou época no futebol caririense: Osvaldo, Lula, Pitucha, Gomes, Zé Mocó, Waldir, Afonso. E o carnaval? Ah! Uma preciosidade de lembrança. “A mesma praça, o mesmo banco, o mesmo jardim...” Airton, Osvaldo, Nanida e Marcelo em outro plano universal. Geraldo Preá, Genésio, Inacio.... Lembro a loja de discos, onde trabalhava o Amilton Som; a casa do Dr. Teodorico, onde hoje funciona o Brastudo; os leões próximos a Sorveteria Cariri. O dia do sorteio político na Miguel Lima Verde, quando o ex-vereador Tavares, em entusiasmo vibrante, brincou... nós vamos fundar é o PSHP. E o que é Tavares? Partido Sem Humberto e Pedro. Praça em que solicitei um fusca ao Governador Cid, quando de sua Reinauguração, em 22 de dezembro de 2011.
Obs.: Foi em frente a esta Praça que, em março de 2009, o Rapadura Cultural (Culturarte), comemorou o centenário do poeta Patativa do Assaré, em grande evento artístico/musical. O coreto, ali hoje existente, foi projetado em referência ao programa Rapadura Cultural (Culturarte). Finalizando: Passei dois anos sem pisar na Praça. Motivo: A péssima reforma ali realizada.
Artigo fraternalmente dedicado a Airton, Osvaldo, Nanida e Marcelo.
(*) Jorge Carvalho. Professor e Radialista