(Excertos de longa matéria divulgada nesta 2ª feira, 11 de dezembro pela BBCBrasil.com BBC BRASIL.com/Site Terra)
Que
Dilma Rousseff que nada... Antes do descalabro do (des)governo da
petista, duas grandes mulheres passaram à história pelas grandes
iniciativas históricas e sociais: a Imperatriz Leopoldina e sua neta, a
Princesa Isabel, a Redentora
Escritores
discutem a importância política da Imperatriz Maria Leopoldina, que
ocupou o poder por pouco tempo, mas durante a independência do país,
período em que teve papel crucial. A primeira mulher a governar o Brasil
ocupou o cargo interinamente por apenas alguns dias, mas em um momento
histórico: foi durante os dias de regência da imperatriz Maria
Leopoldina que a independência do Brasil em relação a Portugal foi
firmada, em 1822.
"D. Leopoldina ajudou a escrever nossa história política, mas é
comum explicá-la apenas como mãe de D. Pedro 2º e esposa de D. Pedro 1º"
| Foto: domínio público
Carolina
Josefa Leopoldina de Habsburgo-Lorena nasceu em Viena, na Áustria, em 22
de janeiro de 1797, e integrava uma das famílias mais poderosas da
Europa no século 18, os Habsburgo. Terceira filha de Francisco 1º,
Imperador da Áustria, a princesa embarcou ao Brasil há 200 anos e mudou
os rumos do nosso país. Aos 20 anos, em maio de 1817, Leopoldina se
casou à distância e por procuração com um homem que nunca havia visto: o
príncipe português Pedro de Bragança, futuro Dom Pedro 1º, como forma
de firmar uma aliança diplomática entre Portugal e Áustria.
Em 1822, durante uma viagem do marido a São Paulo, Leopoldina
permaneceu no palácio imperial e ocupou o cargo de regente do país,
período que inclui a assinatura da independência brasileira, em 2 de
setembro. Somente cinco dias depois Dom Pedro 1º foi informado sobre a
notícia da independência, dando o famoso grito às margens do rio
Ipiranga, sendo essa segunda data a que entrou para os livros de
história como o Dia da Independência: 7 de setembro de 1822.
"O período em que a princesa exerceu o poder foi pequeno, mas
fundamental para o Brasil. Além disso, ela foi a primeira mulher a
exercer o governo", explica a professora de pós-graduação em História
Social da USP Cecilia Helena L. de Salles Oliveira. "As pesquisas das
últimas três décadas apontam várias interpretações novas sobre a
história do Brasil. Tais descobertas apresentam questões diferentes e
revelam situações pouco ou nada conhecidas", explica Oliveira.
"Em 1822, D. Leopoldina desrespeitou as ordens das cortes
constitucionais portuguesas e declarou o 'Fico' antes de D. Pedro, com
uma visão muito mais astuta que o marido: a imperatriz tinha certeza que
se saíssem do Brasil como os políticos portugueses desejavam, não só
Portugal perderia o domínio do Brasil, como provavelmente haveria uma
guerra civil aqui", explica seu biógrafo Paulo Rezzutti.
Fazia parte da formação da família o aprendizado de línguas -
Leopoldina falava 11 idiomas - a formação intelectual em diversas áreas
do saber, além de aulas de teatro que tinham a finalidade de ensinar os
Habsburgos a desempenhar o papel de monarcas diante do povo.
Diferentemente de D. Pedro, Leopoldina sabia dialogar com o povo
brasileiro, mesmo sendo este tão diferente das suas raízes germânicas: a
princesa incluiu o nome de Maria, passando a ser conhecida como Dona
Leopoldina ou Maria Leopoldina, e adotou o catolicismo, muito forte em
Portugal, como forma de estabelecer relações com a cultura nacional.
Reunião
de Leopoldina com o Conselho de Ministros em 2 de setembro de 1822;
escritores têm reivindicado a ela uma imagem menos passiva na história
nacional | Foto: domínio público
Foto: BBCBrasil.com
Legado
Durante
a vida, Leopoldina procurou formas de acabar com o trabalho escravo. Em
uma tentativa de mudar o tipo de mão de obra no Brasil, a Imperatriz
incentivou a imigração europeia para o país. Primeiro vieram os suíços,
se fixando no Rio de Janeiro e fundando a cidade de Nova Friburgo.
Depois, a fim de povoar o sul brasileiro, a imperatriz incentivou a
vinda dos alemães.
Dona
Leopoldina também contribuiu para a formação da cultura e da educação
científica brasileira. Além da Missão Científica Austríaca que trouxe
consigo em 1817, também trouxe para o Brasil sua biblioteca particular,
dando início a uma biblioteca nas salas do Palácio em que viveu com D.
Pedro 1º. A imperatriz também caçava pequenos mamíferos e coletava
minerais, ajudando e incentivando estudos sobre a História Natural do
Brasil.
Outro
legado de Leopoldina é a bandeira nacional. Embora a história conhecida
seja a de que o amarelo representa o ouro e o verde, as florestas
brasileiras, as cores do maior símbolo nacional representam as duas
Casas que deram origem ao Brasil independente: o verde representa a Casa
de Bragança, de D. Pedro 1º, e o amarelo representa a Casa de
Habsburgo, de Leopoldina.
Fonte: BBC.Brasil.com