A revista
Itaytera, órgão oficial do Instituto Cultural do Cariri, no seu nº 22,
correspondente ao ano de 1978, na página 40 publicou o abaixo:
“Nascido
em 6 de Junho de 1878, o Professor José Bezerra de Brito, dos mais
ilustres filhos do Crato, completaria, se fosse vivo, neste ano, o seu
Centenário. Foi emérito educador, líder católico e jornalista, deixando
vasta obra de benemerência à sua cidade natal, o Crato, nesses 3 ramos
da atividade humana. As homenagens do Instituto Cultural do Cariri”.
Talvez tenha sido esta a única homenagem prestada a este mestre – um
dos mais ilustres cratenses –, no ano do centenário do seu nascimento.
Anos depois, em 1995, o Dr. Raimundo de Oliveira Borges publicou um
livro de sua autoria (“O Crato Intelectual”), do qual retiro alguns
excertos, constantes nas páginas 49 a 51. A conferir.
“Nasceu no sítio Malhada, município de Crato, no dia 6 de junho de 1876”. (Aqui
deve ter ocorrido um lapso do Dr. Raimundo de Oliveira Borges, pois foi
em 1978 que se comemorou o centenário de nascimento do Prof. José
Bezerra de Brito, segundo consta na revista Itaytera, acima citada). “Filho de Vicente Alves Bezerra e de Isabel Bezerra de Brito. Professor Zuza Bezerra, na intimidade era assim chamado.
“Passando
a residir em Crato, ainda criança, frequentou a Escola do Professor
Raimundo Duarte e, depois, o Colégio Venerável Ibiapina, dirigido pelo
Professor José Marrocos. Foi também aluno do Seminário São José
promovendo-se aí até o Curso de Teologia, integrando mais tarde o corpo
de professores desse conceituado e histórico estabelecimento, de tão
gloriosas tradições.
“Casou-se
duas vezes, a primeira com Maria Alves Bezerra e a segunda com Maria
Rangel. Além de professor no Seminário, como se disse, ensinou ainda no
Colégio Diocesano e nos diversos colégios da cidade. Residiu algum tempo
na cidade de Várzea Alegre, de onde era natural sua primeira esposa,
fundando ali uma Escola de Alfabetização.
“Vocacionado ao jornalismo, dirigiu em Crato os jornais “A Ação” e “A Região”,
em que publicou trabalhos de real mérito. Exerceu também a advocacia,
não só na cidade de Crato, como nas comarcas vizinhas. De primorosa
educação, o professor Zuza era um homem de fino trato social. Um
educador nato”.
“Noticiando-lhe
o falecimento, J. de Figueiredo Filho publicou em Itaytera sentido
necrológio em que ressalta: “Passou a vida no Magistério e a espargir o
bem, munido de inteligência privilegiada e Fé inquebrantável. Só
ensarilhou armas, quando os anos não mais lhe permitiram trabalhar”. (Até aqui citações do escrito do Dr. Raimundo de Oliveira Borges)
*** *** ***
Tive o privilégio de conhecer e conviver com o Professor José Bezerra
de Brito, ele na ancianidade e eu ainda menino. Morávamos próximo um do
outro, na Avenida Teodorico Teles. Meu pai tinha uma profunda admiração
pelo velho professor, que era considerado por todos como um homem de
bem, um cidadão exemplar em todos os sentidos.
Recordo-me de ter lido alhures um depoimento do fundador das
universidades cearenses, o eterno e admirável Reitor Antônio Martins
Filho, onde ressaltava as características do homem íntegro que foi o
Professor José Bezerra de Brito. Martins Filho foi aluno do Professor
Zuza, na extinta Escola Técnica de Comércio de Crato, e guardou do
antigo mestre a imagem de um homem de caráter, digno, honesto, sereno,
justo, caridoso... um católico autêntico.
Como sói acontecer com as pessoas que pensam no bem do próximo, o
Professor José Bezerra de Brito viveu e morreu pobre. Criou, educou e
deu o bom exemplo aos seus filhos. Serviu de modelo para as pessoas que
escolheram enveredar pelos bons caminhos da vida.
A recompensa a tudo isso certamente recebeu no Céu. Pois, na sua cidade
natal, para não dizer que está totalmente esquecido, o Ginásio da Ponta
da Serra recebeu o nome dele na administração do Prefeito Humberto
Macário de Brito. Na cidade de Crato sequer denominaram uma rua com seu
nome. É outro injustiçado, figurando ao lado de Dom Vicente de Paulo
Araújo Matos, 3º bispo diocesano e maior benfeitor do Crato, que nunca
recebeu uma homenagem de gratidão da cidade a que tanto serviu...