Existem vitórias que são, na prática, derrotas. Foi o que aconteceu no maior estelionato eleitoral da historia do Brasil, ou seja, nas eleições presidenciais de 2014, o qual se constituiu numa "vitória de Pirro" do PT. Conta a história que depois da batalha de Ásculo, o rei Pirro, parabenizando seus generais, depois de constatar o estrago que seu exército vitorioso sofrera teria dito: –– “Mais uma vitória desta e estarei acabado”. Desde então, a expressão “vitória de Pirro” é usada para expressar uma vitória com sabor de derrota.
Uma autêntica “vitória de Pirro” foi conquistada por Dilma Rousseff, ao vencer por pequeno percentual de votos o senador Aécio Neves, em outubro do ano passado. De lá para cá, de simples líder da oposição brasileira, Aécio Neves galgou a posição de líder pelas lutas democráticas na América Latina.
Nesta semana ele foi o único brasileiro convidado para participar do seminário “Foro de Lima – América Latina: desafios e oportunidades”, realizado na capital do Peru, entre 26 e 27 de março. Aécio foi recebido em Lima pelo escritor e prêmio Nobel Mário Vargas Llosa, que preside a Fundação Internacional da Liberdade promotora do evento. O senador Aécio Neves acompanhou, no primeiro dia do evento, a palestra que tratou sobre a violação de direitos humanos na Venezuela. Essa palestra foi ministrada pelas esposas dos líderes oposicionistas presos pelo governo Nicolás Maduro: Mitzy Ledezma, mulher do prefeito de Caracas, Antônio Ledezma, preso em fevereiro último, e Lílian López, esposa do ativista Leopoldo Lopez, preso desde fevereiro de 2014.
No segundo dia do seminário o senador Aécio Neves fez a mais esperada palestra do evento, quando reiterou as críticas aos governos do PT, que se aboletou do poder no Brasil nos últimos doze anos. Na sua fala, Aécio Neves detalhou os tópicos abaixo alinhados:
–– “Assistimos no Brasil as maiores manifestações populares desde o fim do regime autoritário. Não há outro paralelo com o que ocorre hoje no Brasil se não a campanha pelas Diretas Já no ano de 1984, exatamente 30 anos atrás. E nós, líderes partidários, tivemos sempre o cuidado de não nos apropriarmos desse momento, dessas manifestações. Quanto mais da sociedade elas forem, quanto mais naturais elas forem, mais legítimas e fortes elas serão”.
–– “Em primeiro lugar, tenho que dizer, não foi o PT que inventou a corrupção no Brasil. A corrupção sempre existiu por manifestações individuais, de caráter, pelas próprias condições do sistema político. O que houve de diferente nesses últimos doze anos é que a corrupção se institucionalizou no país para manter um projeto de poder”.
–– “Não acreditamos que seja possível administrar um país, construir as reformas que hoje são absolutamente urgentes no Brasil com o quadro partidário que se alarga a cada dia. Hoje, são 28 partidos funcionando no Congresso Nacional e mais 40 partidos com pedido de registro junto à Justiça Eleitoral”.
–– “O Brasil tradicionalmente foi um país de equilíbrio nas suas relações externas, reconhecido, inclusive, por estas posições. Mas desde o governo Lula o Brasil opta por um alinhamento ideológico na região. Se apequena do ponto de vista da sua influência natural, pela sua dimensão territorial, populacional e, mesmo, econômica. E repito o que dizia ontem, há uma omissão hoje grave de governos eleitos democraticamente em relação à escalada autoritária que toma conta de alguns países. No caso do Brasil, é muito mais do que uma omissão, é uma cumplicidade extremamente grave com esses regimes”.
–– Ao longo desses 12 anos do PT, enquanto o Peru, o Chile e a Colômbia consagraram dezenas de acordos bilaterais, o Brasil constituiu três acordos com Israel, Egito e com a autoridade Palestina. Em 12 anos, os únicos acordos bilaterais constituídos pelo país. Há uma negociação com a União Europeia feita pelo MERCOSUL que se arrasta por mais de uma década. E nós sabemos que se a Aliança Transatlântica, entre Estados Unidos e União Europeia, se consolidar antes da nossa aliança, certamente os prejuízos para o Brasil serão extraordinários, serão históricos por algumas décadas”.
Entusiasticamente aplaudido, Aécio falou longamente sobre outras mazelas vivenciadas pelo Brasil do PT. E já marcou uma visita à Venezuela para se juntar ao povo daquele país, que vive mergulhado no desemprego, falta de gêneros alimentícios, censura à imprensa, prisão arbitrária e total falta das liberdades democráticas...
Dá-lhe Aécio.