(Fonte: "Diário do Nordeste", domingo, 22-06-2-14)
Crato chega aos 250 anos, originado a partir da ação missionária da Igreja Católica, por meio de frei Carlos de Ferrara
O Seminário São José foi a primeira instituição de ensino superior do Interior (Fotos: Elizângela Santos)
A
tradição e devoção à Nossa Senhora de Fátima em Crato é antiga. As
celebrações do aniversário incluíram a inauguração do novo monumento
Crato. A
história dos 250 anos do Crato fez a cidade conquistar nomes
carinhosos, como "Princesa do Cariri", "Cratinho de Açúcar", adoçado na
música de Luiz Gonzaga, e "Capital da Cultura", pelo destaque nesse
segmento. No município, foram implantados os primeiros cursos de ensino
superior. A historiadora Fátima Pinho, da Universidade Regional do
Cariri do Cariri (Urca), considera esse um marco histórico no campo
educacional, com destaque para a instalação do Seminário São José, em
1875, a primeira instituição de ensino superior do interior do Ceará. O
prédio histórico, que teve a importante participação do Padre Cícero,
filho natural do Crato, em sua construção, é hoje um dos patrimônios
culturais e arquitetônicos do município. Este ano, a Diocese do Crato,
também está comemorando o seu centenário.
Enquanto
o Crato vivencia os momentos de comemoração dos seus 250 anos, a
programação do centenário de criação da Diocese, segundo o bispo
Diocesano, dom Fernando Panico, proposta pela Comissão organizadora do
Jubileu, vem contando com o apoio e a participação das comunidades das
55 paróquias da Diocese de Crato, espalhadas nos 32 municípios do sul do
Ceará. "Nunca é demais lembrar que uma diocese é, sobretudo, a porção
do povo de Deus confiada ao pastoreio de um bispo, legítimo sucessor dos
santos apóstolos, e ocupa um determinado espaço territorial", ressalta.
Para
o historiador Armando Rafael, o município chega aos 250 anos, originado
a partir da ação missionária da Igreja Católica, por meio do frei
Carlos de Ferrara. Ele destaca a ação da Diocese de Crato como marca
forte junto à nossa população. Ressalta a Igreja Católica como
instituição mais influente do Cariri. "Tudo o que Crato conquistou no
processo civilizatório - dos primórdios aos dias atuais - teve o dedo da
Igreja. O povo cratense, majoritariamente católico, continua sensível a
isso. Uma prova foi a construção recente do monumento à Nossa Senhora
de Fátima", afirma. Para Armando, é incontestável o elemento forte da
religiosidade no Cariri, como forma de destaque na região.
Dom
Panico avalia que o Cariri, a exemplo do Brasil, nasceu à sombra da
Cruz. No Nordeste brasileiro só duas cidades foram fundadas por
missionários franciscanos: Crato e Triunfo, no Pernambuco. "Desde os
primórdios somos frutos do ideal de São Francisco de Assis. A fé do povo
pobre e simples encontrou na religiosidade popular a sua mais bela
expressão, até os nossos dias", disse.
O
bispo lembra que a própria criação da Urca foi decorrência de semente
plantada pela Igreja Católica, além do primeiro hospital, instituição de
crédito - o Banco do Cariri - surgido em 1921 os primeiros sindicatos
de trabalhadores rurais do sul-cearense.
Abrangência
O
escritor e advogado, Emerson Monteiro, destaca o Crato como uma cidade
heroica nos seus 250 anos. Tinha, no seu nascedouro, uma grande
abrangência, chegando às áreas atuais das cidades de Juazeiro do Norte,
Missão Velha, Farias Brito, Milagres, Jardim, Santana do Cariri,
Caririaçu, entre outras cidades.
Heroísmo
Enfatiza
a participação do Crato, nas lutas libertárias. São os acontecimentos,
conforme o escritor, que sucederam na trajetória heroica. A historiadora
Fátima Pinho, lembra que o Crato teve importante participação em
acontecimentos políticos do Nordeste e do Brasil. Foi palco de
importantes movimentos de natureza revolucionária, entre eles a
Revolução Pernambucana de 1817, liderada pelos irmãos Martiniano de
Alencar, com a finalidade de decretar a independência do Brasil de
Portugal e instalar a República.
A
luta perdurou por oito dias, em solo cratense. Além disso, ela da
participação ativa na Confederação do Equador, em 1824, movimento
separatista e republicano. Entre esses grandes nomes, Emerson Monteiro
lembra de Bárbara de Alencar e de seus filhos, Tristão Gonçalves e José
Martiniano de Alencar, então jovem diácono, e do primo Leonel Pereira de
Alencar. (ES)
(Texto e fotos: Elizângela Santos, reporter)