(excerto de matéria publicada no “Diário do Nordeste” deste domingo)
No Ceará, grupo defende que o Brasil poderia ser menos corrupto com um monarca no poder, em vez de presidente
E se em vez da presidente Dilma Rousseff, escolhida através de voto direto, a direção do País estivesse nas mãos de um monarca, o que seria diferente na nossa economia e política?
Ao lado, quadro de D. Pedro II. Graças a seu governo, o Brasil-Império se projetou e foi tido no mundo de então como um país extremamente importante, segundo o médico João Batista Holanda. O fato não é argumento suficiente para a volta da Monarquia para o cientista político Valmir Lopes
Na opinião do médico cearense João Batista Holanda, a volta da monarquia seria uma solução para os muitos desmandos do Brasil de hoje. Para ele, o Império Brasileiro foi um exemplo de boa administração. "O Império deu ao mundo exemplos de honestidade e amor ao trabalho, virtudes não encontradas em nossos políticos. Estas qualidades que existiam no Império faltam nas atuais administrações, quando não cumprem os programas que elaboram para beneficiar a população, uma vez que os objetivos são pessoais e eleitoreiros. O monarca se considerava pai da nação, e como moderador exigia o cumprimento das metas programadas", explica.
O cientista político Valmir Lopes contesta que haja qualquer relação entre monarquia e corrupção. "Corrupção tem uma matriz completamente diferente da monarquia. Quando muito secundária ou até inexistente", afirma.
Chegada dos Príncipes D. Fernando e D. Antônio ao Museu do Ceará, onde se vê, no alto do portal, o brasão do Império. Ao lado (acima), integrantes do Instituto Cultural D. Isabel I diante da estátua de D. Pedro II, no Centro de Fortaleza. Em baixo, D. Fernando e D. Antônio com Heriberto Rebouças, autor dos retratos dos Imperadores
Em 1993, o Brasil realizou um plebiscito para consultar a população sobre qual deveria ser o regime governamental adotado no País. A maioria optou pela manutenção do regime republicano, 86,6%, contra 13,4%, que pediram a volta da monarquia.
A diferença foi menor entre a escolha dos sistemas. O sistema presidencial venceu, com 69,2% dos votos. O sistema parlamentarista ficou com 30,7%. A abstenção foi uma das maiores da história. Mais de 23 milhões de pessoas preferiram não ir às urnas. Na defesa do regime monárquico como o mais adequado para o Brasil, João Batista Holanda se fundamenta em pensadores como o historiador Ricardo Salles. "Para Ricardo Salles, um gramsciano (insuspeito, portanto), autor de Nostalgia Imperial, o Império do Brasil, ao engendrar a nacionalidade brasileira, baseou-a em uma série de mitos nacionais, como fizeram todos os Estados-Nação do mundo. Bons ou maus, é deles que nos alimentamos para atuar social e politicamente no Brasil. De maneira que está no Império, e não na República, a formação da nacionalidade brasileira", diz.
João Batista Holanda destaca que o Brasil era um império importante no século XIX. "O Brasil-Império se projetou e foi realmente tido no mundo de então como um país extremamente importante, graças a D. Pedro II", lembra.