
É a
grande discussão sociológica e filosófica sobre a verdadeira
representatividade? Já foi dito com propriedade: “sufrágio universal,
mentira universal!”. Sim, porque muitas vezes o povo vota influenciado
pela propaganda, pelos formadores de opinião, sem muita reflexão e
conhecimento pleno do que significa o seu voto.
Jesus
foi condenado à morte, a pedido da maioria da população. Na eleição
proposta pelo governador romano, Pôncio Pilatos, entre Barrabás e Jesus,
este último foi fragorosamente derrotado, porque o povo sufragou
Barrabás, revolucionário e homicida, condenando o inocente à morte.
Mas, por que Jesus perdeu essa eleição? A morte de Jesus foi realmente o
desejo da maioria do povo? Jesus, tão querido por todos, cercado pelas
multidões, aclamado pela população ao entrar em Jerusalém, foi condenado
por esse mesmo povo, cinco dias depois?! Ou será que esse povo foi
manobrado por uma minoria ruim, mas muito hábil? O Evangelho diz que os
chefes, os manipuladores de opinião, influenciaram o povo a que pedisse
Barrabás e condenasse Jesus. Ele mesmo, ao morrer na cruz, pediu por
eles perdão ao Pai, dizendo que eles não sabiam o que faziam. Já não
eram mais povo; tinham se tornado massa. O povo pensa. A massa é que é
manobrada. Nem sempre podemos dizer que a eleição seja expressão da
vontade do povo. Talvez seja só da massa.
Quando aconteceu a Ressurreição de Jesus, fato incontestável, diz o
Evangelho de São Mateus (28, 11-15), que os sumos sacerdotes judeus, com
os anciãos, “deliberaram dar bastante dinheiro aos soldados; e
instruíram-nos: ‘Contai o seguinte: ‘Durante a noite vieram os
discípulos dele e o roubaram, enquanto estávamos dormindo’. E se isso
chegar aos ouvidos do governador, nós o tranquilizaremos, para que não
vos castigue”. Eles aceitaram o dinheiro e fizeram como lhes fora
instruído. E essa versão ficou divulgada entre os judeus, até o presente
dia”. Vê-se que o suborno e a mentira são de longa data. Por analogia,
quando da proposta da escolha entre Jesus e Barrabás, ao lerem os
intérpretes a passagem “os sumos sacerdotes e os anciãos, porém,
instigaram as multidões para que pedissem Barrabás e fizessem Jesus
morrer” (Mt 27, 20), concluem que os inimigos de Jesus distribuíram
dinheiro ao povo para que escolhessem Barrabás. A compra de votos também
é de longa data.
(*) Dom Fernando Arêas Rifan é Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney.
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