( Na foto acima, temos os participantes da procissão, à escuta, no local chamado “Largo do Concelho”)
Ao longo de todo esse tempo que vivo na Europa, - contando os dois anos que residi na Espanha, até aos dias de hoje, quando vivo em Portugal, já há cinco anos - tive a grata satisfação de visitar, pelo menos, uma meia dúzia de vezes, o Crato Português, ainda que fique trezentos quilômetrosdistante de onde moro agora. Em todas as ocasiões que lá estive, fui recebido pelo Pároco local, Monsenhor Paulo Henriques Dias, um jovem sacerdote de pouco mais de 40 anos que, por coincidência, é também, o VigárioGeral da Diocese de Portalegre-Castelo Branco, à qual pertence a Vila do Crato.
Dessas visitas e das oportunidades de diálogo que tivemos, nasceu uma boa amizade entre nós padres e, com ela, o desejo cada vez maior de que se possam criar canais de comunicação e instrumentos diversosque possibilitem uma maior aproximação entre os dois Cratos, também, a partir da Igreja. Com este propósito, dias atrás, dentro das solenidades da Semana Santa e atendendo ao convite que me foi feito anteriormente pelo referido Pároco, lá estive, mais uma vez, para presidir e pregar na Procissão do Encontro, um tradicional e solene ato litúrgico do lugar, reunindo a população de toda a vila e das povoações vizinhas, além de visitantes e turistas.
(Edifício do “Paços do Concelho, onde observamos o Brasão da Vila do Crato-Portugal)
Depois de iniciada a procissão e tendo chegado ao local previamente marcado para a homilia que me foi solicitada, qual não foi a minha grande e grata surpresaao ver a figura da Mãe do Belo Amor e o Brasão do nosso Crato, nitidamente destacados em duas das janelas do histórico edifício da Câmara Municipal! Logo percebi aproposital homenagem que desejavam prestar ao nosso Crato-Cariri, aproveitando a minha presença por aquelas terras do Crato-Portugal.Tal gesto,deixou-me muito mais à vontade, fazendo-me sentir verdadeiramente em casa.
Finalizado o compromisso religioso, foi-me oferecido pela Paróquia, um Jantar-Convívio, que teve a presença de algumas das principais autoridades locais, além, naturalmente, do Pároco. Na ocasião, trocamos impressões acerca das realidades de ambos os municípios e, - o mais importante, - levantamos sugestões e propostas concretas que possam, eventualmente, ajudar na criação de condições favoráveis a um intercâmbio efetivo entre os dois Cratos, a curto e médio prazo.Tal intercâmbio,quem sabe, não somente a nível de municípios, como também, a nível de regiões (Cariri e Alentejo) e de países (Brasil e Portugal).

(A
Igreja Matriz vista por dentro)
Na ocasião, apresentei uma proposta que, de imediato, foi assumida por todos os presentes, como prioritária. Uma ideia que trago comigo desde há muito tempo. Trata-se da possibilidade de se criar, aqui, no Crato português, a Casa-Crato-Brasil; e, posterior ou simultaneamente, aí,no Crato brasileiro, a Casa-Crato-Portugal.
Estas casas funcionariam como“pequenas embaixadas”, espaços de acolhimento mútuo, a partir dos quais pudéssemos dialogar e partilhar, nos mais diferentesníveis. Além disso, seriamedificações moldadas com as marcas e características próprias dos municípios que representam. Desse modo, nós que fazemos o Crato-Cariri, por exemplo, teríamos a oportunidade de ter, aqui em Portugal e, consequentemente, na Europa, uma presença permanente do que temos de melhor da nossa terra e da nossa gente, em termos de história, cultura, valores e tradições. Podemos o mesmo dizer em relação à casa de Portugal aí em Crato: uma mostra do que há de melhor e mais expressivo na cultura portuguesa. Tudo isso, de maneira dinâmica e sempreatual, na justa medida em que os acontecimentos forem se desenrolando, de parte a parte.
Todavia, no que diz respeito à viabilização concreta deste projeto, quanto aosmeios e recursos necessários à sua execução, tudo ficou para ser pensado nesses próximos tempos, em novos e oportunos encontros, os quais deverão envolver todos os intervenientes einteressados, de um lado e do outro do atlântico. Neste sentido, convidei o Monsenhor PauloHenriques para que me acompanhe numa visita ao Crato, em Janeiro de 2014, aproveitando a realização do 13º Encontro Intereclesial das CEBs, que terá lugar na nossa Diocese. O convite foi prontamente aceito, deixando-nos, assim, a viva esperança de que, no mínimo, daremos continuidade ao diálogo aqui iniciado.
Da minha parte, o que posso dizer é que me coloco à inteira disposição desta causa, fazendo o que me for possível, enquanto aqui estiver, a fim de que este sonho de aproximação entre os dois Cratos se transforme em realidade, o quanto antes. Tanto é que já me comprometi a ir mais vezes ao Alentejo, amiudando os contactos e buscando estreitar, cada vez mais, os laços que nos unem. Deus permita que as coisas possam avançar.

(Da esquerda para a direita: António Manuel Ferreira, Vice-Provedor da Misericórdia; Mário Cruz, Provedor da Santa Casa de Misericórdia do Crato; Monsenhor Paulo Henriques Dias, Vigário Geral da Diocese e Pároco do Crato; Pe. Elias; João Teresa Ribeiro, Presidente da Câmara Municipal do Crato – Prefeito do Município; Isidoro Aires, Secretário do Conselho Econômico da Paróquia do Crato; Fernando Gorgulho, Vereador da Câmara Municipal do Crato e Mariano Cabeço, Diretor do Museu Pe. Belo e Secretário-Geral da União das Misericórdias Portuguesas).
( Na foto acima, temos os participantes da procissão, à escuta, no local chamado “Largo do Concelho”)
Por: Pe. Raimundo Elias Filho.