Não é fácil escrever sobre um tema, quando as emoções são mais intensas e profundas do que o poder da inteligência e a dialética do raciocínio, quando as pulsações do coração são mais fortes do que a capacidade criativa da imaginação.
Existem assuntos tais como o Amor, que são mais para serem vividos do que entendidos, mais para serem sentidos do que analisados, mais para serem meditados do que discutidos. É melhor ter amor do que saber o que ele é. Amar é mais do que saber. O silencio da intuição vale mais do que a reflexão da inteligencia.
Sempre desejei escrever um livro sobre Nossa Senhora, mas quantas vezes tentava fazê-lo, sentia mais do que pensava e pensava mais do que podia escrever. Acudiam-me sempre aqueles temores que sobrevieram a Moisés, no monte Horeb, quando Deus o mandou ir a Faraó, para libertar os israelitas do cativeiro do Egito: Senhor, quem sou eu para falar com Faraó?
Sobrevém a mim, neste momento, aquele dialogo de uma criança com a sua mãe: Mamãe, eu te quero tanto bem!
Aquela criança procura que procura uma definição, uma palavra para definir o que era querer bem, e não a encontrando, abraça-se com a sua mãe, com os olhos marejados de lagrimas ,e com voz entrecortada de emoção, diz: Mamãe, querer bem é uma coisa que sinto aqui dentro e não sei dizer.
Encontro-me exatamente como esta criança, sem saber escrever, dizer quem seja Maria Santíssima, mas com a esperança de que os leitores procurem mais sentir do que compreender , ler mais o que esta escrito nos seus corações do que nestas paginas. Este livro foi escrito assim aos poucos, com os impulsos, que me sobrevinham nos momentos de silencio interior, de meditação e de reflexão.
Não é um estudo de Mariologia. Nem um tratado de Teologia Ascética e Mistica. Não tem a pretensão de interpretar textos escriturísticos ou explicitar as decisões conciliares sobre a Mãe de Deus.
Espero, porém, que os leitores o leiam com os mesmos sentimentos e emoções com que escrevi, para nos colocarmos como inocente criança, no regaço carinhoso da Mãe de Deus e de nossa mãe, e lhe dizer numa prece infantil, ingenua, de pureza lirial : Mamãe, eu te quero tanto bem!
Do Livro: Eu sou a Mãe do Belo Amor - Autor - Padre Antônio Vieira - Editado em 1988.