
Na localidade de Varjota, zona rural de Iguatu, o produtor Francisco Oliveira, começou ontem o cultivo de um hectare de milho e feijão. Espera que as chuvas continuem para colheita de safra em maio FOTO: HONÓRIO BARBOSA
De acordo com a meteorologista da Funceme, Dayse Moraes, a tendência é de afastamento do Vórtice Ciclônico de Altos Níveis a partir de hoje. "O sistema meteorológico está se afastando para o Sul, em direção da Bahia", disse. "Dessa forma, a ocorrência de novas chuvas no Ceará fica desfavorável, diminuta". Os modelos da Funceme não conseguem prever se nos próximos dias, esse tipo formação voltará a atuar sobre o Estado.
O Vórtice Ciclônico de Altos Níveis é um conjunto de formação de nuvens em círculo. "Geralmente, a chuva é provocada nas bordas Norte e Oeste", explicou Dayse Moraes. O principal sistema meteorológico que provoca chuvas no Ceará é a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) que há meses permanece acima da Linha do Equador, no norte, provocando precipitações sobre o Oceano Atlântico.
No momento, a ZCIT está com influência sobre o Pará e Maranhão. "Há uma tendência de inclinar de forma moderada para o norte do Ceará, a partir do afastamento do Vórtice Ciclônico", explicou Dayse Moraes. "É bom que se frise que isso é uma possibilidade, e não certeza", completou.
No último dia 22, meteorologistas da Funceme e de outros Estados no Nordeste brasileiro, além de representantes do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/Inpe), divulgaram atualização do prognóstico para a quadra chuvosa no Ceará, que alcança o período de fevereiro a maio.
O encontro dos meteorologistas ocorreu em Recife e o prognóstico inicial, que é desfavorável, foi mantido, com 40% de probabilidade de chuvas abaixo da média, 35% na média e 25% acima da média histórica para o período. A temperatura superficial das águas do Oceano Atlântico Sul está neutra e do Atlântico Norte, permanece mais aquecida. Esse quadro, denominado Dipolo positivo, é, portanto, desfavorável a ocorrência de chuvas no sertão do Ceará.
"Se fosse o inverso, seria favorável, mas infelizmente esse modelo permanece", esclareceu a meteorologista da Funceme, Cláudia Rickes. No campo, os agricultores aproveitaram as últimas chuvas que banham o Ceará desde o último dia 19 e começaram o plantio de grãos.
Plantio
Na localidade de Varjota, zona rural de Iguatu, o produtor rural, Francisco Oliveira, começou ontem o cultivo de um hectare de milho e feijão.
"Está tarde porque estamos no fim de março, mas espero que continue chovendo em abril e até a primeira quinzena de maio, que é suficiente para colher a safra", disse. "Quem vive da agricultura não pode desistir", complementou.
O ciclo produtivo do feijão e do milho de variedades precoces ocorre em 45 dias. Com poucas chuvas, é possível obter uma colheita. O solo está úmido e os produtores rurais utilizam tratores e arado à tração animal para fazer o preparo do solo. A maioria deles faz o cultivo dos grãos com o uso de máquina manual, plantadeira.
No Cariri cearense, as condições climáticas são mais favoráveis. A chuva já deixou a terra bem molhada e o pasto nativo (gramíneas) nasceu, dando um alívio aos criadores. O rebanho bovino, aos poucos, consegue forragem para alimentação. "As chuvas são poucas e localizadas, mas já melhorou muito a situação no sertão", observou o diretor de políticas agrícolas do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu, Marciano Souza. "Tomara que continue assim".
Diário do Nordeste
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