Edição de 05 a 11 de maio de 2012
Uma vocação econômica do Cariri
No início da década 60 do século passado, Raul Barbosa (Presidente do BNB) e Antônio Martins Filho, (reitor da Universidade Federal do Ceará), convidaram o Professor Morris Asimow, da Universidade da Califórnia (EUA), para criar um programa voltado à prospecção das oportunidades de desenvolvimento socioeconômico da região do Cariri. Morris Asimow constatou que uma das vocações econômicas do Cariri seria a produção cerâmica. Na época, duas grandes indústrias cerâmicas foram aqui implantadas: Cecasa (em Barbalha) e Norguaçú (em Crato). Por problemas diversos, ambas faliram.
Polo cerâmico de Crato
Mas os caririenses descobriram esse filão. (Ao lado, foto de uma das cerâmicas cratenses) Hoje está implantado em Crato um polo cerâmico, com mais de dez indústrias, empregando cerca de seis mil pessoas, localizado na rodovia que dá acesso ao distrito Ponta da Serra. Agora a boa notícia: mais duas indústrias estão em fase de implantação no polo cerâmico de Crato. Uma delas com investimentos de cerca de R$ 15 milhões, destinados à produção de ladrilhos cerâmicos.
Não dá mais para esperar
Uma providência que se faz urgente: a criação do Departamento Municipal de Paisagismo e Jardins de Crato. A cidade conta hoje com mais de 40 praças, espalhadas pelo centro e bairros periféricos. Além do mais, a Prefeitura vai receber – no final deste mês – a administração dos jardins refeitos das quatro praças recém-requalificadas, bem como as jardineiras construídas nas ruas João Pessoa, Miguel Limaverde e Dom Quintino. Acrescente-se a tudo isso a premente necessidade de novas campanhas de arborização desta Mui Nobre e Heráldica Cidade de Frei Carlos.
No mais
Quem circula pela Praça Juarez Távora (conhecida popularmente como Praça São Vicente - foto acima) observa duas árvores (Nins indiano) que nunca foram podadas, o que as deixa com um visual de descuido. Outras dezenas de árvores adultas que foram plantadas nos bairros Mirandão, Av. Maildes de Siqueira, nas proximidades do viaduto do bairro São Miguel, no Centro Cultural do Araripe – dentre outras – estão a necessitar de cuidados, como a retirada de folhagens secas. Daí a necessidade de um Departamento Municipal de Paisagismo e Jardins de Crato.
Na foto acima, como era o Rio Grangeiro que passava no centro de Crato na década 30 do século passado. A foto foi feita onde hoje existe um posto de gasolina na esquina da Rua Santos Dumont com Rua Almirante Alexandrino
Ação do Ministério Público
Cansados de esperar pelos governos, a Promotoria do Juizado Especial de Crato entrou na última 4ª feira, dia 2, com uma ação contra o Governo do Ceará e a Prefeitura, pedindo providências para devolver a “renaturização” (leia-se: “retornar os cursos de água natural aos seus leitos e condições naturais”) dos rios que cortam o território cratense: Grangeiro (foto acima), Saco e Batateiras. Na ação, o Ministério Público cobra ainda a reconstrução do canal do rio Grangeiro na área urbana de Crato. Faz sentido.
Cariri místico
As ruas de Santana do Cariri serão tomadas por uma multidão (calculada, pelos organizadores da solenidade, em cinco mil pessoas), na tarde do próximo dia 26 de maio. Naquela data acontecerá o sepultamento dos restos mortais da menina Benigna Cardoso – na igreja-matriz de Senhora Santana – encerrando mais uma romaria à jovem mártir caririense. A solenidade será presidida pelo bispo diocesano, dom Fernando Panico.
A importância do Crajubar
O romancista, contista, dramaturgo, documentarista, médico e psicanalista e vencedor da segunda edição do Prêmio São Paulo de Literatura, Ronaldo Correia de Brito, viveu em Crato até os dezoito anos de idade. Residente hoje em Recife, ele publica, quinzenalmente, uma crônica que é reproduzida em vários jornais da grande mídia brasileira. No último domingo, com o título “Os territórios afetivos”, Ronaldo escreveu sobre as cidades pernambucanas localizadas no entorno da Chapada do Araripe. Essas cidades são satélites da conurbação Crajubar. Da crônica de Ronaldo transcrevemos os dois tópicos abaixo:
“Os territórios afetivos” – 1
As cidades do interior sertanejo são todas iguais. Há motos em excesso, o silêncio tornou-se mercadoria rara, os carros não param de circular, muita gente caminha de um lado para outro, ocupa ruas e praças como se nada tivesse o que fazer” (...) “Exu, Bodocó, Trindade, Ouricuri e Araripina, escolhidas para a jornada literária, mais parecem uma extensão do Cariri cearense. O sotaque, a culinária, os tipos físicos e as culturas se assemelham. Os moradores dali procuram Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, bem mais próximo do que o Recife, para atendimento médico e hospitalar, compra de mercadorias e o comércio do que produzem. Os estudantes universitários preferem as faculdades do Cariri a se deslocarem para a capital distante. Também buscam o ensino em Petrolina e cidades piauienses. Porém o Crajubar, nome que aglutina as iniciais das três cidades do Cariri, tornou-se naturalmente a capital da chapada”.
“Os territórios afetivos” – 2
“É possível desenhar um mapa de cidades piauienses, cearenses e pernambucanas, formando uma região em que as fronteiras de estados foram abolidas. Um território com afinidades econômicas, históricas, geográficas, antropológicas e culturais, o parentesco do Araripe. Não existe desejo separatista, mas temos a impressão de que se trata de outro estado brasileiro, nascido da cumplicidade. Será que a aglutinação espontânea desenhou um novo mapa territorial?”
O valor da Chapada
Ronaldo Correia de Brito tem razão. A chapada do Araripe é a maior riqueza do Vale do Cariri. Bastaria citar suas reservas paleontológicas, as quais – além de proporcionar o estudo do passado da Terra – contribuem hoje para o fluxo do ecoturismo do sul do Ceará, já que a região do Cariri é o berço da paleontologia brasileira. Sem esquecer o potencial da flora da Chapada, praticamente inexplorada. Esta é um filão para futuras pesquisas farmacêuticas, as quais – mais dia, menos dia – serão alavancadas, quando se criar uma faculdade de farmácia na Região Metropolitana do Cariri.
Deu a louca
Nossa Constituição declara que todos são iguais perante a lei. No entanto, com a criação das cotas raciais nas universidades públicas federais, os últimos governos tornaram alguns brasileiros mais iguais que os outros. Ora, o problema maior do setor educacional deste país é a deficiência do ensino público. O certo seria o governo oferecer educação básica de boa qualidade a todos os brasileiros, nivelando as oportunidades para quem quiser ter acesso às universidades.
Não foi o que ocorreu
Com a criação das cotas raciais nas universidades públicas, o governo federal oficializou o racismo, antes inexistente na nação. No vestibular, alunos despreparados estão tomando o lugar dos que estudaram. Em alguns casos, alunos brancos, pobres e preparados não têm vez. E alguns negros – mesmo sendo ricos – têm vaga assegurada apesar do baixo desempenho escolar.
Criaram a apartheid
Para piorar, a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal–STF considerou constitucional essas cotas raciais, tornando o Brasil um país racista. Não se admirem se o governo vier a estender as cotas raciais ao precário e deficiente setor da saúde pública. Obrigando os hospitais a reservar 20% das suas vagas para negros e pardos.
A moda se espalha
A pobreza real argentina seria três vezes maior do que a oficial. O governo da presidente Cristina Kirchner sustenta – através de informação do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) –, que a pobreza quase desapareceu naquele país, já que somente afetaria 6,5% dos argentinos, o equivalente a 2,6 milhão de pessoas. A notícia foi de imediato desmentida pela Universidade Católica Argentina (UCA), que elabora um índice próprio de pobreza e anunciou que 21,9% dos argentinos continuam pobres. Por esta, e por outras, é que o a revista britânica “The Economist” anunciou que não mais publicará dados oficiais do governo argentino.
Los Hermanos “abastados”
Óbvio que a Argentina tem muitos ricos. Segundo foi divulgado pelo jornal “O Estado de S.Paulo”, edição da última 5ª feira, dia 3: “Cristina Kirchner é - depois do bilionário chileno Sebastián Piñera - a segunda presidente mais rica da América do Sul, com US$ 17 milhões, segundo a declaração oficial de bens, basicamente investidos em imóveis e aplicações financeiras. A fortuna de Cristina - uma declarada admiradora de Evita Perón, a "mãe dos humildes" - aumentou 930% desde 2003”. Naquele ano, o marido dela – Nestor Kirchner – assumiu a presidência da Argentina, sendo sucedido pela própria Cristina. Há dez anos a família Kirchner governa a Argentina.
Torpedos
1 – Será realizada nos dias 8, 9, 10 e 11 de Maio de 2012, a III Semana de Filosofia do Cariri (simultaneamente ocorrerá o II Encontro sobre Ensino de Filosofia no Cariri), promovidos pela Faculdade de Filosofia do Campus Cariri da UFC, localizado em Juazeiro do Norte.
2 – O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Barbalha vai comemorar os 50 anos de fundação no próximo dia 13. Como os demais congêneres do Cariri, o sindicato de Barbalha também foi criado por iniciativa do 3º bispo de Crato, dom Vicente Matos.
3 – Dom Fernando Panico passa este fim-de-semana na capital do Piauí. Ele participa no domingo, dia 6, da posse do novo arcebispo de Teresina, dom Jacinto Furtado, ex-bispo de Crateús (CE).
4 – Segundo informações do próprio Governo Federal, cerca de 5,2 milhões de turistas visitaram o Brasil em 2010. Para saber como este número é inexpressivo, basta informar que só o museu do Louvre, em Paris, recebe 7 milhões de turistas por ano.
5 – Até aqui? Pois é! A mídia divulgou que governo federal optou pela Construtora Delta para fazer as obras de mobilidade urbana de Fortaleza para a Copa de 2014. Quem mora na capital cearense pode ver as placas da Construtora Delta no início da Via Expressa e na rotatório do estádio Castelão. São valores elevadíssimos para obras que estão sendo feitas (pasmem!) com a dispensa de licitação.