
Edição de 6 a 8 de janeiro de 2012
E aí, como é que fica?
No ano passado, o ministro da Integração, Fernando Bezerra Coelho, liberou R$ 4 milhões para a Prefeitura de Crato reconstruir o canal do Rio Grangeiro, destruído parcialmente pela tromba d’água de 28 de janeiro de 2011. Essa verba foi retirada, posteriormente, da conta corrente da Prefeitura para a do Governo do Ceará, que resolveu tocar a obra. Talvez essa inopinada iniciativa tenha sido a sorte do prefeito de Crato! Até a presente data os serviços continuam inacabados. O Governo do Ceará só utilizou R$ 2 milhões e 500 mil reais dos R$ 4 milhões repassados pelo Governo Federal. Dias atrás, o governo estadual abriu nova licitação para fazer a 2ª etapa do canal, agora no valor de R$ 1 milhão e 500 mil reais. Nenhuma construtora teve interesse em concorrer.
Maquiagem em Barbalha
O centro de Barbalha (foto acima feita por Heládio Teles Duarte) ganhará calçamento de paralelepípedo, substituindo o feio e inadequado asfalto. Ao lado disso, as duas principais entradas da cidade já estão sendo revitalizadas (à direita foto da Prefeitura de Barbalha). Nova pavimentação, novas luminárias e jardins estão sendo implantados. A exemplo da Praça do Crajubar, em Juazeiro do Norte, numa das entradas de Barbalha, será colocado um mastro onde uma bandeira gigante do município será desfraldada. Na entrada que vem de Missão Velha, será colocado, ainda – próximo ao monumento a Santo Antônio – um busto de monsenhor Murilo de Sá Barreto, ilustre filho de Barbalha.
A moda pegou
Esta semana estive na pequena cidade de Quixelô – no centro-sul do Ceará – e fui surpreendido, na entrada da cidade, por um grande mastro onde tremulava uma enorme bandeira daquele município. Bandeira, diga-se de passagem, belíssima. Cada vez mais me convenço que a bandeira de Crato deixa muito a desejar. Na verdade uma bandeira sem significado. Só um pano branco com o brasão do município ao centro. Pálida demais. (À esquerda uma sugestão de como deveria ser a bandeira de Crato, com orlas azul- celeste, significando que a cidade nasceu sob a proteção da Virgem Maria). Aliás, conversando com um especialista em heráldica, ele me informou que não existe naquela arte – destinada à confecção e estudos de brasão e armas – lugar para penacho de índios, como o existente no brasão de Crato. E acrescentou: “deve ser caso único”...
Além de queda, coice
Na verdade, o brasão de Crato não foi confeccionado por um especialista em heráldica. O desenho surgiu a partir de sugestões de um leigo no assunto, padre Antônio Gomes de Araújo, a outro leigo, Ranulfo Pequeno. Além do mais, nem todos que reproduzem o brasão de Crato atentam para a colocação correta das cores, definidas no decreto de criação do escudo: azul em cima, verde cana embaixo, como se vê ao lado. Até a Wikipédia publica o brasão cratense com as cores erradas.
Falta de conhecimento
Onde fica a Rua João Araripe em Crato? Ninguém sabe. Por um simples motivo: essa rua não existe. Tudo aconteceu porque, ao invés de grafar o nome correto – Rua Araripe, denominação dada em homenagem à Chapada que circunda a cidade – o Governo do Ceará colocou ali uma tabuleta com esta errônea indicação: Rua “João” Araripe. Foi mal. Tem mais: anexa a essa placa, outra sinaliza: Rua Grande, e, logo abaixo, Rua Miguel Limaverde. Também está errado. O correto seria colocar em cima: Rua Miguel Limaverde. E, embaixo, entre parêntesis: Antiga Rua Grande.
Samba do crioulo doido
É isso o resultado do esquizofrênico “troca-troca” dos nomes das ruas de Crato feito, pelos vereadores, há várias décadas. A Rua Grande era toda a extensão da atual Rua João Pessoa, juntamente com o único quarteirão que forma a atual Rua Miguel Limaverde. Já que os vereadores de Crato gostam tanto de mudar os nomes das ruas (fato repudiado pela população) por que não retornar as antigas denominações das ruas centrais? Teríamos de volta a Rua Grande, Formosa, das Laranjeiras, da Pedra Lavrada, da Vala, do Fogo... Além das travessas do Cafundó, da Caridade, da Ribeira Velha, do Charuteiro, do Barro Vermelho, dentre outros.
Sugestão válida 1
Tempos atrás, o médico-escritor José Flávio Pinheiro Vieira escreveu um comentário, no qual, apropriadamente, lembrou: “Manuel Bandeira já reclamava da mudança dos nomes poéticos das ruas do Recife. Naquela capital ainda existem: a do Sol, a do Hospício, a da Aurora, a da União ( onde ele nasceu), a das Crioulas, a da Soledade... Já Paulo Elpídio cita antiga denominação de um Beco em Crato: do Cachimbo Eterno. Irineu Pinheiro cita ainda a Rua do Pisa, a Buenos Aires, a da Boa Vista”.
Sugestão válida 2
E continua Zé Flávio: “Creio que era importante a população conseguir da Câmara de Vereadores novas placas, nas quais constasse o nome atual da rua e, logo abaixo, a antiga denominação. Bom lembrar que em Fortaleza, nas ruas do centro daquela cidade, existe uma placa maior com breve biografia do homenageado. Além disso, poderiam existir em Crato placas indicativas em alguns imóveis, onde constariam, por exemplo: "Nesta casa viveu a heroína Bárbara de Alencar... nascida..." ; "Nesta residência morou o historiador Irineu Pinheiro; "Nesta casa foi julgado o caudilho Joaquim Pinto Madeira"... Acredito que assim a história da cidade seria mais bem conhecida e preservada”.
Tardou
Só agora o governo do Ceará incluiu o município de Lavras da Mangabeira no roteiro turístico oficial do Estado. Oficialmente, o Ceará reconheceu, enfim, que o Boqueirão de Lavras, -- foto à esquerda -- uma espécie de canyon em meio à serra de mesmo nome, onde corre as águas do Rio Salgado merece ser divulgado como uma das belezas do Estado.
Obra faraônica
A obra da transposição das águas do Rio São Francisco está com trechos parados, outros trechos abandonados e, – o pior – outros destruídos. O Governo Federal já advertiu: para ser concluída, a transposição necessitará de mais duas licitações. O que implica em gastos adicionais em torno de 1 bilhão e 200 milhões de reais. Noutras palavras, novas despesas de 34% acima do valor licitado inicialmente. Otimista, o ministro da Integração, Fernando Bezerra, calculou que o custo das obras da transposição ficará em torno de R$ 6,9 bilhões. Me engana que eu gosto. Até os peixes do Rio São Francisco sabem que a obra – para ficar concluída – custará algo em torno de R$ 10 bilhões...
No mais
Vir a público dizer que o orçamento da transposição do Rio São Francisco precisa ser revisto por meio de nova licitação, porque os técnicos deixaram de considerar várias prospecções de solo, é o mesmo que iniciar a construção de um edifício desconsiderando a totalidade dos gastos com o alicerce. Ninguém fala sobre os percalços da água correndo a céu aberto por centenas de quilômetros. Ninguém esclarece se houve estudos sobre a evaporação e a infiltração dessa água. Será que chega água após o quinto bombeamento? E ainda teve gente que criticou o bispo de Barra (BA), dom Flávio Cappio quando este alertou sobre os fatos acima...
Torpedos
1 – A Funarte elaborou o calendário de comemoração do centenário de nascimento do cantor Luiz Gonzaga. Na programação um Festival Internacional da Sanfona. Que começa no Nordeste e será estendido a todo o Brasil.
2 – Instalado no centro da capital paulista, o “Impostômetro” controla a arrecadação de tributos no Brasil. O Impostômetro registrou – no final d 2011 – a marca histórica de R$ 1 trilhão e 500 bilhões de tributos arrecadados no Brasil.
3 – Descontada a inflação (oficial) o arrecadado em 2011 foi maior em 11% ao de 2010. É tanto dinheiro que não justifica desculpas para o estado em que se encontra a educação, saúde e segurança públicas brasileiras. Nem tem perdão a falta de saneamento, de moradia e todo tipo de infraestrutura e investimentos que fazem o Brasil ficar colocado no humilhante 84º lugar no IDH–Índice de Desenvolvimento Humano, calculado pela ONU.
4 – Depois do sucesso do livro “Padre Cícero, poder fé e guerra no sertão”, o escritor Lira Neto acaba de concluir o primeiro volume da biografia de Getúlio Vargas, o arquétipo do presidente republicano brasileiro. Vargas governou o Brasil por 19 anos, 15 anos como ditador (1930-1945) e quatro em regime democrático (1951-1954).
Não há mal que um bem não traga
A injusta e lamentada omissão dos vereadores cratenses – que teimam em não perpetuar o nome de Dom Vicente Matos numa rua da cidade – começa a gerar reações. E boas reações! Mais dois bustos de bronze do maior benfeitor de Crato foram, ultimamente, incorporados à paisagem cratense. Ambos, frutos da iniciativa privada. A diretoria do Colégio Pequeno Príncipe vem de inaugurar – no pátio externo daquele educandário, que fica na Rua 28 de dezembro – um desses bustos .
Surdos-mudos
Outro busto de dom Vicente foi colocado nos jardins do Centro de Expansão da Diocese, localizado no bairro Grangeiro. Contando com o que já existe na Praça da Sé, agora são três os bustos de bronze de Dom Vicente em Crato. Deverá ser anunciada –nos próximos dias – outra significativa homenagem a Dom Vicente, uma iniciativa privada. Enquanto isso, os vereadores cratenses continuam distantes dos mais legítimos anseios, anelos e aspirações do povo que dizem representar...

