Pintura em alto relevo existente na Coluna da Hora, da Praça Padre Cícero em Juazeiro do NorteA propósito do texto desta coluna, na semana passada, acerca da memória do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, recebi atenciosa correspondência do historiador Armando Lopes Rafael.
Exatamente porque, reconhecidamente, cometi alguns erros graves no relato sucinto sobre a vida deste personagem, retorno a este espaço com os devidos reparos, especialmente para expressar-lhe, e aos leitores, as minhas desculpas pelos equívocos e para agradecer ao Armando a diligente e atenta leitura de meus modestos escritos.
Ainda, assim, reforço a expressão desta gratidão por ter tido a iniciativa de reproduzir o dito texto, sem a crítica necessária, em outros espaços de blogs caririenses. Ensejou-me, deste modo, que voltasse ao assunto restabelecendo a verdade sobre alguns fatos. O primeiro deste, mesmo que tenha uma explicação pouco convincente, com base em livro de F.S. Nascimento (O Clã Bezerra de Menezes), diz respeito à data de nascimento de Leandro, que foi no dia 5 de dezembro de 1740, e não como foi dito, em 05.11.1740. Noutro momento eu dissera: “Efetivamente, mesmo no século XIX, Leandro não residiu no Sítio Joaseiro, então propriedade de seu neto, o Pe. Pedro Ribeiro da Silva”.
Armando cita Denizard Macedo (in “Notas Preliminares” à 2ª edição da “Vida do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro”, à página 19): “Recorrendo ainda às documentadas informações do Pe. Gomes, em seu trabalho citado, vê-se que, na conformidade de seu inventário ainda conservado em cartórios cratenses (...) veio a falecer (o Brigadeiro) do dia 4 para 5 de julho de 1837, quase centenário, pois contava mais de 96 anos bem vividos, tendo firmado o testamento em 20 de junho de 1837, datado do seu recente domicílio da casa-grande do Juazeiro” (grifos meus).
E prossegue, Armando: “Creio que fica, assim, configurada a residência do Brigadeiro na Fazenda Tabuleiro Grande, origem de Juazeiro do Norte. Ademais é forte tradição oral que a capelinha de Nossa Senhora das Dores, "ficava ao lado da residência do Brigadeiro", como ficou eternizado nas telas da nossa querida Assunção, e fruto de pesquisas que a pintora fez - décadas atrás - entre os velhos habitantes de Juazeiro do Norte”.
“O próprio fato de o Brigadeiro ter sido sepultado na capelinha do antigo cemitério de Juazeiro do Norte – localizado onde hoje estão residências na Av. Dr. Floro Bartolomeu, esquina com Rua Padre Cícero – comprova que Leandro Bezerra Monteiro viveu seus últimos dias na Fazenda Tabuleiro Grande, origem de Juazeiro do Norte. “Amália Xavier (ver “O Padre Cícero que eu conheci”) escreveu: “nesta capela foram sepultados o Brigadeiro e sua mulher, pelo menos no local onde a mesma foi construída. Lá estava uma lousa marcando o lugar onde foram depositados os restos mortais de ambos. A lousa foi retirada para depois ser colocada na parede da capela, mas, infelizmente, desapareceu”.
Ao finalizar suas observações, Armando me diz: “Considere-se ainda o que escreveu Joaryvar Macedo em artigo na Revista do Instituto do Ceará: “Transferiu-se, (o Brigadeiro Leandro) no ocaso da vida, para a casa grande do Juazeiro que lhe legara o Padre Pedro Ribeiro e cuidou da conclusão da capela erguida pelo neto”. O que comprova que quem realmente construiu a capelinha foi o velho Brigadeiro...). Creio que não existem dúvidas de que o Tabuleiro Grande foi, por algum tempo residência do Brigadeiro, local onde ele sepultou (anos antes de falecer) também o corpo da esposa, como atestou Amália Xavier", finaliza Armando.
Tudo isto que Armando assevera, à luz de bem estribadas leituras de pesquisas bem fundamentadas, muito nos ajuda a continuar formando um maravilhoso perfil biográfico do homenageado. Contudo, ainda não temos como certeza o local onde de fato onde o Brigadeiro foi sepultado, se no velho cemitério da Dr. Floro, ou se no interior da velha capelinha do Pe. Pedro. Quando Octávio Aires de Menezes desenhou a planta da povoação do Joazeiro, em 1875, havia uma capelinha no cemitério velho da futura rua do Dr. Floro. Teria sido esta a capelinha fundada pelo neto do Brigadeiro?.
(*) Renato Casimiro, Doutor em Química, professor aposentado da UFC, historiador, memorialista, pesquisador, conferencista, escritor, ensaísta.