O PIB brasileiro encolheu 0,2% no ano da (des)graça de 2009. Foi a primeira retração na economia brasileira desde 1992. O nível de investimento foi o pior dos últimos 14 anos. Tomando-se apenas o setor industrial, o recuo foi de 5,5%.
O PIBinho abaixo de zero foi um mal inevitável. Que o governo se esforça para transformar num bem. Lula ficou “satisfeito”. O ministro Guido Mantega chamou de “razoável” a taxa de -0,2%. Já cuida do PIB de 2010. Estima que heverá crescimento de 5,7%.
1. PIB de 2009 desce à crônica econômica nacional como o pior resultado em 17 anos, a quinta marca negativa da série série histórica. A última vez que a economia brasileira ficara no vermelho foi em 1992, sob Fernando Collor. Naquele ano, o PIB reacuara 0,54%.
2. A “marolinha” produzida pela crise financeira internacional custou ao Brasil algo como R$ 186 bilhões. É quanto o país teria produzido se não tivessem sido conspurcadas as previsões do PIB de 2009, que rumava para os 6% antes de ser atropelado pela crise.
3. Considerando-se o G-20, o PIB brasileiro foi o sexto melhor do G20 entre os países do grupo. O Brasil foi à foto de 2009 em pose menos constrangedora, por exemplo, que a dos EUA (queda de 2,4%) e do Japão (tombo de 5%).
4. Tomando-se apenas os Brics, porém, o Brasil ficou na penúltima colocação. Superou apenas a Rússia (tombo de 7,9%). Ficou longe da China (crescimento de 8,7%). Não chegou nem perto da Índia (crescimento de 5,6%).
5. Entre mortos e feridos, o Brasil salvou sua posição no ranking das economias mundias. Permanece como a 9ª maior economia do planeta. O Brasil já roça os calcanhares da Grã-Bretanha e da Rússia, os dois países que estão imediatamente à sua frente.
6. E quanto ao futuro? Bem, como na letra do samba, esse ano não vai ser, para a economia brasileira, igual aquele que passou. A economia roda, desde o final do ano passado, em ritmo de retomada. Cresceu 2% no último quadrimestre de 2009. Porém, a taxa de investimento ainda se encontra aquém do desejável.
7. Para que o crescimento fosse consistente, a taxa de investimento teria de ser de 25% do PIB. Hoje, está em 16,7%, a menor taa desde 2006.
Para Virene Matesco, economista da FGV Management, a economia brasileira realiza no momento um vôo de galinha:
"A galinha não voa porque não tem sustentabilidade. E com a taxa de investimento que o Brasil tem, não há como mudar esse cenário. Sem investimentos, não há como ter um crescimento sustentado".
Conclusão: o Brasil não chegou a fazer feio na crise. Nem por isso o mal, necessário e até inevitável, tranformou-se em um bem. Continuamos sendo um país à espera de ser feito.
Fonte: Blog do Josias de Souza
Foto: João Wainer/Folha