
Parr, mais que depressa, reconheceu a grandiosidade daquele arquivo e decidiu levar mundo afora a importância de recuperar a ameaçada arte dos chamados “bonequeiros” do Nordeste brasileiro. Deste feliz encontro nasceu uma exposição em cartaz (até 18 de setembro) na Yossi Milo Gallery de Nova York e o livro Retratos Pintados (Nazraeli Press, capa dura, 68 páginas e 61 fotos), lançado simultaneamente à mostra, que expõem 150 retratos originais.
Os bonequeiros são incansáveis representantes de um ofício em extinção e atuam, se me permitem a comparação grosseira, como o nosso “fazedor de milagres contemporâneo”, o Photoshop. Além de recuperar memórias perdidas e fotografias mal tratadas pelo tempo, estes artistas recriam o improvável dentro de uma mesma imagem. Se o cliente quer uma foto ao lado de “padinho Cícero”, o cliente tem! Se fizermos uma análise mais profunda do trabalho destes fotorretratistas, é possível os reconhecer como agentes do sonho brasileiro. Eles concretizam em imagens o deslumbre da ascensão social nordestina por meio de ternos, roupas caras e joias que os retratados talvez nunca tivessem acesso.

Ainda de acordo com o sociólogo, existem certas “regras” estéticas comuns na realização da fotopintura, principalmente quando se trata de um cliente idoso: tirar todas as rugas do rosto; nunca pintar de branco os cabelos; evitar sombras, “ajeitar” roupas que pareçam exageradamente sensuais. As crianças devem se parecer com o Menino Jesus dos folhetos distribuídos nas missas; mulheres devem usar blusas monocromáticas ou estampas de flores e homens devem aparecer de terno e gravata.
O ofício dos bonequeiros e dos fotógrafos populares do Brasil ganhou versão em película feita pelas mãos do diretor de cinema Joe Pimentel, em 2007. Com co-direção de Tiago Santana e pesquisa do próprio Titus Riedl, “Câmera Viajante” retrata o universo e o ofício destes profissionais que atuam nas festas, feiras e romarias do interior nordestino. O documentário é simples, divertido e com declarações de amor à fotografia que há tempos não via igual!

Foto: Fotopintura de Martin Parr no livro
Foto: Arquivo Titus Riedl
Martin Parr
O fotógrafo inglês é “um cronista de nosso tempo”, afirma o curador alemão Thomas Weski. Para ele, as imagens de Parr oferecem a oportunidade de ver o mundo sob uma perspectiva única no turbilhão de

tags: Câmera Viajante, Cariri, Ceará, Crato, fotografia, fotopintura, Joe Pimentel, Martin Parr, Retratos Pintados, Tiago Santana, Titus Riedl, Yossi Milo Gallery
FONTE: Publicado originalmente em http://www.forumfoto.org.br/pt/tag/titus-riedl
Texto enviado por Tânia Peixoto
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