
De acordo com números da Central Única das Favelas (Cufa) 30 mil jovens de 12 aos 29 anos de idade são dependentes químicos em Fortaleza. No Ceará, esse número chega a 100 mil usuários da chamada "pedra maldita". O Diário do Nordeste, na edição de 1º de dezembro de 2009, publicou matéria alertando para o avanço do crack em Fortaleza e dando, com exclusividade, os números da epidemia, informando que o vício matou mais de 1,7 jovens nos últimos três anos. "O avanço da droga é uma coisa sem precedentes", avalia o coordenador da Cufa, Preto Zezé.
Pelas estimativas de especialistas, como o psiquiatra Marcelo Fialho, somente o uso da pedra movimenta um mercado de R$ 5 milhões por dia no Ceará. Em Fortaleza, a soma alcança R$ 1 milhão diário. "O crack é barato, disponível e tem alto caráter de dependência. Sua ação é rápida e muitos consomem até 20 pedras por noite".
Difusão
A disseminação da droga no Interior do Estado assusta até quem convive com a violência diariamente, como o caso do delegado de Iguatu, Agenor Freitas. Na avaliação dele, o baixo custo é o que mais influencia a rapidez da difusão do vício. No início do ano, a pedra pequena, segundo o delegado, custava R$ 3 e a grande, R$ 7. Hoje, a menor é R$ 5 e a maior, R$ 10. "O crack é a doença do mundo", sentencia. O problema se repete em outras cidades do interior cearense, como Crato, Juazeiro e Sobral. A assistente social e pesquisadora Cynthia Studart diz que outras drogas, como a maconha e cocaína, estão sendo preteridas frente ao crack. "Na periferia de Fortaleza, por exemplo, a maconha é dita como coisa de gente careta. A cocaína, com a diminuição na sua produção e o alto valor, não é tão acessível às camadas mais carentes".
Para Preto Zezé, a venda da substância pode ser encontrada nos quatro cantos da cidade. "Ela não só invadiu favelas e comunidades da periferia, como não poupou os bairros considerados nobres". O avanço do crack não distingue pobre ou rico. "Muita gente das classes A e média são seus usuários", ressalta a psicanalista Carolina Cavalcante. A coordenadora da Política de Saúde Mental da Prefeitura de Fortaleza, Rane Félix, admite que as unidades de saúde ainda estão se preparando para receber o dependente químico. "Para dar certo temos que propor ações tão prazerosas quanto à droga", considera ela.
LÊDA GONÇALVES
Repórter do Jornal Diário do Nordeste
Fonte: DN
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