Com seus braços enlaçando as travas de ferro a menina abraça a vida.
Como todos comemoram o nascimento.
Abraçando a vida.
Um copo de plástico desprovido de seu uso no canto esquecido da calçada. Como o esquecimento do olhar para o futuro deste jovem cedendo seu cansaço festivo ao batente das vias que transitam a cidade. Talvez de costas para o pano no qual estenderia sua mercadoria de festas. Todas as demais crianças estão ao amparo de um dos seus. Uma criança se carrega nos músculo do pai que festeja e não abandonou-a em casa. Da outra criança largada no colo da mãe que se diverte olhando para vai e vem de toda esta multidão.
Mas esta criança abraçada às travas de ferro revela toda a vida.
Olha para a lente fotográfica como se olhasse para as pupilas de toda a humanidade e por esta ação suplica que não a deixem solitária. Nas horas tantas em que o burburinho da multidão esgotou toda a energia com que partira de sua casa. E agora suplica à lente que não se vá, leve-a até ao horizonte em que, deitada, inventa os sonhos que faz sua fonte encantar-se de natais. Ela tem um vestido, de flores, com uma tira lembrando os babados de antão e com este vestido sua imensa solidão é que tudo se revela temporário. Apenas cansaço. Apenas aquele esgotamento da noite pois até aquelas alpercatas que vão ao infinito ela possui.
E entre toda esta narrativa e o instante que Dihelson Mendonça nos deu por natal, eu gostaria que uma tia, uma mãe, um avô, ou avó, dissesse àquela menina: não, do teu olhar jamais me apartarei. Não te deixarei solitária, fixa neste tempo e nesta trava de ferro. Não me apartarei até o limite em que no mundo for parte.
Texto: José do Vale Pinheiro Feitosa
Foto: Dihelson Mendonça

Como todos comemoram o nascimento.
Abraçando a vida.
Um copo de plástico desprovido de seu uso no canto esquecido da calçada. Como o esquecimento do olhar para o futuro deste jovem cedendo seu cansaço festivo ao batente das vias que transitam a cidade. Talvez de costas para o pano no qual estenderia sua mercadoria de festas. Todas as demais crianças estão ao amparo de um dos seus. Uma criança se carrega nos músculo do pai que festeja e não abandonou-a em casa. Da outra criança largada no colo da mãe que se diverte olhando para vai e vem de toda esta multidão.
Mas esta criança abraçada às travas de ferro revela toda a vida.
Olha para a lente fotográfica como se olhasse para as pupilas de toda a humanidade e por esta ação suplica que não a deixem solitária. Nas horas tantas em que o burburinho da multidão esgotou toda a energia com que partira de sua casa. E agora suplica à lente que não se vá, leve-a até ao horizonte em que, deitada, inventa os sonhos que faz sua fonte encantar-se de natais. Ela tem um vestido, de flores, com uma tira lembrando os babados de antão e com este vestido sua imensa solidão é que tudo se revela temporário. Apenas cansaço. Apenas aquele esgotamento da noite pois até aquelas alpercatas que vão ao infinito ela possui.
E entre toda esta narrativa e o instante que Dihelson Mendonça nos deu por natal, eu gostaria que uma tia, uma mãe, um avô, ou avó, dissesse àquela menina: não, do teu olhar jamais me apartarei. Não te deixarei solitária, fixa neste tempo e nesta trava de ferro. Não me apartarei até o limite em que no mundo for parte.
Texto: José do Vale Pinheiro Feitosa
Foto: Dihelson Mendonça
