
"Se você mora ou está no Rio de Janeiro, é imperdível. O livro A América que não está na mídia, do jornalista Mário Augusto Jakobskind será lançado dia 17, terça-feira, às 19 horas, no Bip-Bip, o mais carioca dos bares do Rio de Janeiro. Fica na rua Almirante Gonçalves, 50, loja D.
Mário Augusto é integrante do Conselho Editorial do jornal Brasil de Fato e correspondente do jornal uruguaio Brecha. Também conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro.
“O meu objetivo é discutir a mídia hegemônica e a cobertura sobre o nosso continente, além, claro, da América Latina”, afirma Mário Augusto, que já publicou outros livros sobre a regão, entre os quais, América Latina – Histórias de Dominação e Libertação.
HISTÓRIAS OCULTAS, ASSÉDIO DA MENTIRA E ROBÔS
O prefácio de A América que não está na mídia é do jornalista Flávio Tavares. Inicialmente, ele destaca o resgate, por Mário Augusto, de histórias ocultas que não podem ser esquecidas:
“Ao longo de anos e anos, o Brasil esteve de costas para a América Latina. Desconhecíamos os países vizinhos de língua espanhola, mesmo tendo os mesmos problemas, idênticos anseios e quase o mesmo idioma. Sabíamos que tínhamos até o mesmo inimigo, e que ele estava ao norte, poderoso e mandão, mas –entre nós mesmos- seguíamos distantes.
Mário Augusto Jakobskind, com este livro, volta a nos integrar ao continente. Já o relato inicial leva a indagar sobre as origens do terror espalhado pela direita na América Latina. Em minhas andanças de exilado político, eu vivia na Argentina naquele 1976, quando um golpe militar lá implantou o terrorismo de Estado. Morava em Buenos Aires, era correspondente dos jornais Excelsior, do México, e de O Estado de S.Paulo, mas só fui saber da “Noite dos Lápis”, muito tempo depois. O horror se escondia nas profundezas dos segredos e do medo da população.
São essas histórias ocultas que Mário Augusto conta agora, interpretando o passado recente não apenas para conhecê-lo, mas – mais do que tudo – para nos lembrar daquilo que não pode repetir-se jamais”.
No prefácio, Flávio Tavares toca ainda numa questão crucial a ser debatida na Conferência Nacional de Comunicação, em dezembro:
“Este livro mostra o progressivo empobrecimento dos meios de comunicação entre nós. Informar passou a ser tratado como uma dessas quinquilharias que o capitalismo predatório da sociedade de consumo nos oferece a cada dia como se fosse o paraíso. O essencial está de fora na grande imprensa, no rádio e na televisão. O assédio da ilusão e, até, da mentira nos empanturra de tolices. Os grandes meios de comunicação nos transformam em robôs obedientes.
A imprensa, a TV aberta e o rádio viraram atividades comerciais, em busca de lucros. Até o golpe militar de 1964, o jornal Última Hora, mesmo privado, representava no Brasil uma opção popular e nacionalista, na vanguarda da denúncia da ação imperialista dos Estados Unidos. Hoje, qual é o órgão da grande imprensa que se atreve a ser tão independente?
Nenhum canal de TV aberta ou de rádio foi concedido pelo Estado a jornalistas aglutinados em associações ou sindicatos do setor. Enquanto persistir essa situação, persistirá também o estrabismo dos meios de comunicação”.
GALEANO E STÉDILE RECOMENDAM: VACINA CONTRA A MANIPULAÇAO
A apresentação do livro é do João Pedro Stédile, líder do MST e da Via Campesina:
“O nosso amigo Mário Augusto faz um retrato crítico da América Latina”, diz Stédile. “Os leitores terão uma ótima oportunidade de atualizar suas informações sobre o nosso continente e, ao mesmo tempo, estarão vacinados contra as manipulações que habitualmente a grande imprensa costuma fazer de fatos políticos do continente, e que o autor chama de Goebelinas”.
O escritor uruguaio Eduardo Galeano, autor do antológico As veias abertas da América Latina, faz um comentário que é uma obra-prima:
¿Medios de comunicación
o miedos de comunicación?
¿Libertad de expresión
o libertad de presión?
A orelha é do saudoso jornalista Fausto Wolff e a capa do cartunista Carlos Latuff.
O livro pode ser adquirido pela internet aqui." FONTE: VIOMUNDO. Texto de Luiz Carlos Azenha