
Paulo Baleki
Uma ótima semana!
Mônica Araripe
Poeta e mestre da Cultura da Paraíba, Chico Pedrosa. Apontado pela crítica como um dos 10 maiores poetas populares do Brasil (Foto: Antônio Vicelmo). Considerado um ´vendedor de sonhos´, Chico Pedrosa é um dos maiores poetas populares do País
Crato. “Um vendedor de sonhos”. É assim que o poeta e Mestre da Cultura da Paraíba, Chico Pedrosa, se define. Apontado pela crítica como um dos dez maiores poetas populares do Brasil, no meio de uma constelação poética, que inclui Patativa do Assaré, Zé da Luz, Catulo da Paixão Cearense, Zé Praxedes e Zé Laurentino, Chico Pedrosa justifica que não tem nada a ver com o livro “O Vendedor de Sonhos”, do autor Augusto Cury. A auto-definição está relacionada com a sua vida de viajante por este Brasil afora e pelos sonhos e emoções que vende por meio das suas poesias.
Durante 36 anos, Chico Pedrosa foi vendedor de auto-peças. Andou o Nordeste inteiro com uma pasta e uma lista de preços. Enquanto abastecia o mercado com peças de automóveis, enchia de sonhos, utopias e ilusões os amantes da poesia. Foi inspirado em sua própria profissão, na luta pela sobrevivência, que ele fez o poema “O Vendedor de Berimbau”, que retrata o relacionamento, nem sempre amistoso, entre os vendedores e os clientes.
“Foi uma forma de protestar contra os ‘chás de cadeira’ que eu levei nas ante-salas das gerências dos estabelecimentos comerciais”, afirma. Quando se aposentou, na década de 1980, o poeta tomou o caminho de volta às origens. Dedicou-se exclusivamente à poesia. Continuou viajando, agora vendendo sonhos, como um dom Quixote do sertão, cavaleiro andante que vivia num mundo de sonhos e resolveu caminhar pela Espanha à procura de muitas aventuras.
O poeta caminha pelo Nordeste levando nos seus alforjes os 36 anos de experiência como vendedor e, principalmente, um amor telúrico ao sertão. Nos últimos anos, tem participado de diversos shows, apresentando sua poesia ao público nacional, em especial nas grandes capitais: Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Brasília (DF) e Recife (PE). O seu poema mais conhecido é “Briga na Procissão”, também chamado “Jesus na cadeia”. Emotivo, como todo bom poeta, ele chora ao recitar algumas de suas poesias. De fato, não esconde a emoção das suas obras.
Recentemente, o poeta esteve no Cariri, nos braços do Programa BNB de Cultura, uma linha de patrocínio direto do Banco do Nordeste para apoio à produção e difusão da cultura nordestina. “Aqui, eu estou em casa, ou melhor, na casa de Patativa, que foi meu grande amigo, com quem dividi palcos, shows e mesas de bebidas”, lembra o poeta. Na entrevista, que concedeu à Rádio Educadora, o poeta paraibano emocionou o Cariri de Patativa com suas poesias.
Biografia
Nascido em 1936, poeta popular e declamador, Chico Pedrosa tem três livros publicados: “Pilão de Pedra I”, “Pilão de pedra II” e “Raízes da Terra”, além de vários cordéis escritos. Tem poemas e músicas gravadas por cantores e cantadores como Téo Azevedo, Moacir Laurentino, Sebastião da Silva, Geraldo do Norte, Lirinha, dentre outros.
Lançou três CDs, intitulados “Sertão Caboclo”, “Paisagem Sertaneja” e “No meu sertão é assim”, registrando assim a sua poesia oral. Atualmente, ele é cultuado pela geração nova, como o pessoal do “Cordel do Fogo Encantado”, que em seus shows declamam poemas desse “poeta matuto”.
FIQUE POR DENTRO
A briga na procissão, por Chico Pedrosa
Quando Palmeira das Antas pertencia ao Capitão Justino Bento da Cruz nunca faltou diversão: vaquejada, cantoria, procissão e romaria sexta-feira da paixão.
Na quinta-feira maior, Dona Maria das Dores no salão paroquial reunia os moradores e depois de uma preleção ao lado do Capitão escalava a seleção de atrizes e atores.
O papel de cada um o Capitão escolhia a roupa e a maquilagem eram com Dona Maria e o resto era discutido, aprovado e resolvido na sala da sacristia.
Todo ano era um Jesus, um Caifaz e um Pilatos só não mudavam a cruz, o verdugo e os maus-tratos, o Cristo daquele ano foi o Quincas Beija-Flor, Caifaz foi o Cipriano, e Pilatos foi Nicanor. Duas cordas paralelas separavam a multidão pra que pudesse entre elas caminhar a procissão.
Cristo conduzindo a cruz foi não foi advertia o centurião perverso que com força lhe batia era pra bater maneiro mas ele não entendia devido um grande pifão que bebeu naquele dia do vinho que o capelão guardava na sacristia. Cristo dizia: ´Ôh, rapaz, vê se bate devagar já tô todo encalombado, assim não vou agüentar tá com a gota pra doer, ou tu pára de bater ou a gente vai brigar.
ANTÔNIO VICELMO
Repórter do Jornal Diário do Nordeste
Colaborador do Jornal Chapada do Araripe
Desde ontem, Juazeiro do Norte iniciou os festejos dos 100 anos de sua fundação. Padre Cícero foi seu criador
Juazeiro do Norte. A dois anos da comemoração do centenário deste município, a cidade abre as portas para diversas manifestações que irão perdurar até 2011. A abertura do Centenário de Juazeiro aconteceu na tarde de ontem. O dia começou com uma alvorada festiva. À tarde, foi aberta a exposição em homenagem ao jornal O Rebate, veículo que defendeu a emancipação política da cidade. A exposição, ocorrida no Centro Cultural Banco do Nordeste do Cariri, marca o centenário da imprensa local. Na ocasião, a lei do Dia Municipal da Imprensa Juazeirense foi assinada.
O município foi emancipado no dia 22 de julho de 1911. Uma das cidades do interior nordestino de maior destaque comemora, na próxima quarta-feira, 98 anos. Juazeiro do Norte, considerada a “meca” dos romeiros de vários estados, foi fundada pelo Padre Cícero, que também foi o primeiro prefeito. Antes era a comunidade de Tabuleiro Grande, pertencente ao Crato. A cidade conseguiu se notabilizar pelo desenvolvimento da economia local, com destaque para o comércio e a indústria de calçados, sendo um dos pólos mais representativos do Estado.
DestaquesA cultura popular é outro grande atrativo. Os pilares do trabalho e da fé fizeram o município ter uma cultura diferenciada. O escritor e jornalista Geraldo Menezes Barbosa, que atualmente preside a Comissão do Centenário, afirma que, quando chegou a falar sobre essa diferença, algumas pessoas acharam estranho. Ele já escreveu oito livros sobre a história do município e do Padre Cícero. “Cada vez fico mais impressionado com essa força misteriosa que Juazeiro tem. É uma coisa transcendental”, diz ele, ao se referir às manifestações de carinho que tem recebido de várias localidades do Brasil a respeito das comemorações do centenário da cidade de Juazeiro.
A cada ano, milhares de pessoas atravessam o País para se dirigir à Juazeiro, principalmente durante as grandes romarias. Esse é outro importante aspecto em torno da figura mítica do Padre Cícero, cuja santidade é indiscutível para os devotos. As romarias fortaleceram o comércio local e criaram uma verdadeira indústria do turismo religioso em torno da figura do “Padim”.
A cidade tem conseguido, nos últimos anos, ter um crescimento na área educacional, principalmente com a instalação de universidade e faculdades. Cerca de 11 instituições de nível superior, entre particulares e públicas, estão instaladas no município, com aproximadamente 50 cursos superiores despertando, de forma rápida, para uma nova vocação de destaque no Interior.
O nome “Juazeiro” surgiu a partir de uma árvore e “Norte” veio diferenciar a cidade de outras com o mesmo nome. Um dos grandes momentos que mudou a visão de Juazeiro para o mundo foi o milagre da beata Maria de Araújo, em 1889, em que ocorreu o sangramento da hóstia ofertada pelo Padre Cícero. A polêmica continua até hoje em torno desse fato, assim como a crença do povo na santidade do fundador de Juazeiro. O acontecimento até hoje é estudado por pesquisadores de várias partes do mundo.Dentro das comemorações da Semana do Município, está sendo realizado o Projeto Encenas Juazeiro, de 17 a 22 de julho, no Teatro Municipal Marquise Branca, com vários espetáculos teatrais. As apresentações acontecem às 20 horas, com entrada franca. Ontem, foi a vez da peça “Esperando Comadre Daiana”, da Companhia Livre Mente. Hoje, será a vez do espetáculo “Avental Todo Sujo de Ovo!”, do Grupo Ninho. No dia 20, estréia a peça “Maria Roupa de Palha”, da Companhia Amar. No dia seguinte, haverá o espetáculo “Eu Prometo”, de Alysson Amâncio, da Companhia de Dança. As apresentações terminam na quarta-feira com “Caboré”, da Companhia Desabafo. Também está acontecendo a exposição “Juazeiro Como te Vejo”, dentro da proposta cultural da abertura do centenário da cidade. O trabalho é coordenado do gerente de Artes Cênicas da Secretaria de Cultura de Juazeiro (Secult), Assislan Paiva.
FIQUE POR DENTRO
Padre Cícero permitiu criação de Juazeiro
Em 1872, chega à Tabuleiro Grande Cícero Romão Batista. Oriundo do Crato, ele substituiu o Padre Pedro na capela Nossa Senhora das Dores. Uma vez instalado em sua ação evangelizadora, Padre Cícero trabalhou para que o povoado se desenvolvesse, o que revela a integração entre vida social, política e religiosa. Em 22 de julho de 1911, foi assinada a Lei que elevou o povoado à categoria de Vila e Sede. No dia 4 de outubro de 1911, a Vila de Juazeiro foi inaugurada oficialmente e Padre Cícero foi elevado primeiro prefeito. Em 23 de Julho de 1914, a Vila de Juazeiro foi elevada à categoria de cidade. Mas esta data não é comemorada, e sim a de criação do município.
ROMARIA
Morte de Padre Cícero completa 75 anos
Juazeiro do Norte. Amanhã, dia 20, acontece a missa tradicional pelos 75 anos de morte do Padre Cícero. A expectativa é que milhares de romeiros lotem a Praça do Socorro para lembrar a data. Às seis horas, será celebrada missa pelo bispo diocesano, dom Fernando Panico. Este ano, a celebração será acompanhada por reitores da Igreja Católica de todo o Brasil. O gerente do setor de projetos da Secretaria de Turismo e Romarias de Juazeiro do Norte, Renato Dantas, afirma que um novo palco será montado para dar espaço para as autoridades e visitantes, já que o palanque onde tradicionalmente ocorrem as celebrações não comporta mais a quantidade de pessoas que busca permanência no local durante a liturgia.
As visitações passam a ser constantes ao túmulo do Padre Cícero, na Capela do Socorro, que recebe milhares de fiéis de várias partes do Nordeste. Prevendo um grande número de fiéis em Juazeiro, a Setur manterá contato com as secretarias afins no sentido de estruturar o acolhimento aos visitantes.
Na data, os peregrinos também visitam lugares considerados sagrados, incluindo a estátua do religioso na Colina do Horto, o Santo Sepulcro, museus e outros templos como a Basílica Menor de Nossa Senhora das Dores. O secretário José Carlos diz acreditar na vinda de cerca de 30 mil devotos e admiradores de Padre Cícero de todo o Nordeste, principalmente Alagoas e Paraíba, de onde sempre partem muitos romeiros rumo ao Juazeiro.
Casa da beata
Segundo adiantou o titular da Setur, no dia 22 de julho, acontecerá a aposição da placa indicativa da casa onde nasceu a Beata Maria de Araújo. No local, atualmente, está construído o prédio dos Correios, na Rua da Conceição, entre as ruas Padre Cícero e São Pedro. A iniciativa é uma parceria da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos com a Prefeitura de Juazeiro. De acordo com José Carlos dos Santos, o padre Reginaldo Manzotti virá a Juazeiro para rezar, cantar e conhecer a terra de Padre Cícero. No mesmo dia, haverá apresentação da Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho na Praça dos Romeiros.
Mais informações:
Secretaria de Turismo e Romaria
Praça do Cinqüentenário, s/n, Socorro
Juazeiro do Norte
(88) 3511.4040
Elizângela Santos
Repórter do Jornal Diário do Nordeste
Colaboradora do Jornal Chapada do Araripe