Que beleza de Domingo... todo mundo na praia curtindo, aqui no Crato esse sol com algumas núvens e o calor do verão que se aproxima. Sentado aqui em meu posto, catalogando mais de 5000 mensagens em 30 categorias ( trabalho de louco, já que se gasta em média uns 30 segundos em cada uma ), resolvi dar um tempo e procurando aqui nos meus alfarrábios, encontrei um poema que fiz a partir de outro. Na verdade, o poeta Antonio Sávio escreveu um poema chamado "PESARES", que eu achei muito bonito, a não ser por um detalhe que para mim, seria essencial nesse tipo de abordagem, o uso da rima e a própria disposição de algumas frases. Resolvi reconstruir o poema a meu modo, mudando daqui e de lá... evidentemente, o leitor escolhe um ou outro. O resultado está aqui. Já foi publicado há alguns meses no cariricult:
PESARES ( Antonio Sávio )Apesar de tudo, e dos sentidos que aguçamos
Como o limar de uma pedra sem fim
Permance o opaco sobre os olhos
E uma nuvem intensa sobre a paisagem
Os elefantes, pelo delírio vôam
E as borboletas diferente de antes
Rastejam a vaidade de suas asas sobre a gleba
Nada mudou, mas tudo enfim não há de permanecer o mesmo
Não ao mesmo sol a vazar sobre as arestas
Das frestas das fendas de minha porta
Corta então o tédio arenoso sobre mim
Pois a vista perdida na paisagem,
A catar as migalhas da realidade
Que me encaparam entre os dedos
E agora resta-me o medo,
Dos segredos deste fardo, que arde sobre mim
PESARES ( Dihelson Mendonça )Apesar de tudo, dos sentidos que aguçamos
como o limar de uma grande rocha sem fim
permanece inda o opaco brilho sobre os olhos
cravados em nuvens e paisagens dentro de mim
Sobre a gleba insana rastejam borboletas
de vaidade pura nas asas - pobres delírantes -
voam também por sobre as nuvens os elefantes
nada mudou, nem manterão tais silhuetas
Não ao mesmo sol a vazar sobre as arestas
das frestas podres e de fendas à minha porta
corta a faca, corta o tédio, corta a testa
corta a planície, cortam serras sotopostas
Viver das migalhas de uma realidade
que ora me escapa por entre os dedos rotos
rastejar-me de medo - infelicidade -
carregado de segredos em mundo ignoto
Da plenitude bela de uma vida instante
à abjeta dualidade residente dentro de mim
passam-se os dias, passam-se os meses, passam-se os anos
em mares de tristeza eterna, e que já não têm mais fim!
Dihelson Mendonça - Texto e Foto