Veja como nós somos: há alguns dias me posicionei contra as idéias do meu ex-colega do velho Colégio Diocesano e ainda hoje meu amigo Armando Rafael, quando ele criticava o desempenho do Governo Lula e toda carga de rejeição que ele tem aos partidos não alinhados com as idéias dele. Naquela ocasião tive a honra de ser secundado por você. E agora, nas questões levantadas pelo amigo com referência aos artigos publicados com transcrição de textos de Frei Leonardo Boff formulando denúncias contra papas e bispos da igreja católica, me ponho ao lado do Armando, pois não pude acompanhar o séquito daqueles que aplaudiram um tema que realmente leva às grandes discussões, sem nenhuma conclusão, posto que atinge questões de fé, assunto de foro íntimo de cada um. Foi por isso que no comentário que eu fiz em apóio ao diácono Policarpo, a quem não conheço, que escrevi: “o silêncio contra essas palavras ocas deve ser a melhor resposta.” E não foi, portanto nenhuma tentativa de desqualificar as palavras de Frei Leonardo Boff postadas por você. Quis dizer com isso que não tinha a intenção de participar do debate, mesmo porque a legião dos que nesse blog o aplaudiam era incomensurável. Quem se der ao trabalho de pesquisar os artigos do Blog do Crato desta semana de 26 a 31 de janeiro, verificará que foram escritos dez artigos, que no meu entender formam uma tentativa de desqualificar a Igreja Católica, isto somente no corpo principal do Blog, afora os inúmeros comentários que cada um dos textos continha. É preciso entender que a Igreja Católica não é um prédio, nem altares ou riquezas, nem somente papas, bispos, padres e diáconos, mas Igreja somos todos nós, povo de Deus que tem como finalidade continuar a missão de Jesus Cristo na construção do Reino de Deus, que é de Justiça, Paz e Amor, aqui e agora. Ser "cristão é tornar-se um perigo" já dizia uma música da Irmã Cecília Vaz muito cantada há uns dez anos nas igrejas. Isto porque não basta ser batizado, crismado ou ir às missas para se dizer cristão, mas ceder o próprio corpo à pessoa de Jesus Cristo para que ele possa dar prosseguimento à sua missão. E isso é quase uma utopia, pois poucos são os que conhecendo a Palavra de Deus se dispõem a tal. É muito difícil oferecer a outra face, desfazer-se de todos os nossos bens em benefícios dos pobres e perdoar setenta vezes sete, isto é: sempre. Conseguimos fazer, quando muito, apenas poucas tentativas daquilo que Cristo nos ensinou.
Muito se tem escrito aqui, que o blog é democrático, que se “deve debater saudavelmente e em nível elevado”, mas percebemos que isto somente se verifica quando as opiniões são todas convergentes. Qualquer opinião contrária é imediatamente taxada de “desqualificação”, como o amigo citou.
Finalizando, faço meu registro de que as revelações declaradas pelo ex-franciscano Leonardo Boff não são para nós católicos motivos de aplausos ou aprovação. E a nossa fé não será abalada por isso.
As idéias de cada um de nós não são todas da mesma forma. Assim como discordamos em alguns pontos, há muitos outros em que concordamos o que não nos impedirá de sermos amigos, assim como o meu saudoso pai foi amigo do seu.
Meu fraternal abraço.
Por Carlos Eduardo Esmeraldo