
Enquanto o velório ocorria na sala de jantar no interior da casa, eu e o primo José Esmeraldo Gonçalves sentávamos no peitoril da janela da fachada e apreciávamos o movimento das pessoas que passavam pela Rua Dom Quintino. De repente chegou uma vendedora de laranjas, postou-se na soleira da porta e com voz aguda e cortante, gritou a todo pulmão: “Quer comprar laranjas? Olhe a laranja de primeira!” Como ninguém lá de dentro da casa respondia e nem nós, a vendedora insistia: “Quer comprar laranja?...” Repetiu essa cantilena várias vezes, até que uma das minhas primas, bastante autoritária, veio até a porta recriminar a vendedora: “Fale baixo! Respeite o sentimento das pessoas dessa casa. Aqui morreu a dona da casa. Não está vendo que é um velório?” Ao ouvir a reprimenda, a vendedora gritou mais forte ainda: “Morreu, morreu, quer comprar laranjas? Estou vendendo minhas laranjas. Quer comprar laranjas?” E saiu Rua Dom Quintino acima, resmungando e descompondo minha prima. Até hoje a frase dessa vendedora de laranja virou para mim um refrão que eu sempre repito, quando alguma coisa não dá certo ou não têm mais jeito: “Morreu, morreu quer comprar laranjas?”
Por Carlos Eduardo Esmeraldo
Carlos, esse texto embora simples e pequeno nos deixa uma grande mensagem. A vendedora de laranja nos deu uma lição quando fala " morreu, morreu quer comprar laranja"? Ela está viva e precisa ganhar o dinheiro
ResponderExcluirpara sustentar a família dela. Apesar de alguns morrerem outros continuam vivos. Portanto, a vida tem que ser valorizada.
Abraços
Magali
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMagali
ResponderExcluirConforme havia lhe dito, considerei esse texto bastante despretencioso e muito relutei em postá-lo aqui no Blog. Ainda bem que dele você tirou algo que eu não havia percebido estar contido na lição da vendedroa de laranja, a de que a vida continua, apesar de perdermos nossos entes queridos.
Beijos