Os primórdios. O grito primal. Primo, primeiro, antes de tudo. Na verdade como vivemos entre dois marcos, o princípio e o fim, quase nada há para se ouvir a respeito do interregno. Mas é engano, quase toda a cultura fala do interregno, embora com os dois olhos espreitando. Um para o início e o outro para o término. Então por mais que me esforce, não será hoje que poderia me alongar sobre o interregno, embora gostasse mais de falar da horizontalidade dos eventos e do cruzamento com a verticalidade das emoções que interpretam. Nesta segunda maneira que gostaria de desenvolver, a questão da primeira e última não entra como limitadoras. Mas eu estou é falando examente do contrário, falo do princípio.
A Praça da Estação era o largo para fora da cidade. Bem no seu miolo, mas com todas as intenções voltadas para o embarque da jornada. Talvez nenhuma outra praça tenha recebido as beneses de tanto charme no centenário da cidade do que a Praça da Estação. Embora tenha que reconhecer a força da memória da Praça da Sé, com sua estrutura de ruína grega, os lagos e um mini-zoológico com jacaré, nada se compara à Praça da Estação.
Nela o charme neoclássico. A samaritana em sua eterna panha da água em ânforas. Os jardins bem trabalhados à moda inglesa. A estátua do Redentor nas alturas do olhar de pescoço dobrado. Os bancos de madeira. Alamedas, tantas ilhas de plantas que um transeunte não vislumbraria toda a sua paisagem. Existiam cantos fantásticos como aquele do Hotel. Só quem viveu naqueles idos sabe o peso de um hotel, com suas escadas de madeira, o segundo andar, o refeitório e os inúmeros quartos. Mas o mais extraordinário era justamente o hóspede, viajante, estranho, advérbio de modo.
Na praça tudo era de ida ou chegada. Na esquina a loja da viação de ônibus para São Paulo e Fortaleza. Nas suas intermediações vi muitas famílias se mudando para outra galáxia com as despedidas até o dia de juízo. Sumiram no Paraná, no interior de São Paulo. Só cartas perdendo fôlego de remessas ainda diziam da presença na terra. Este local era tão forte, que um dias destes indo a trabalho até Araçatuba nos cafundós do judas do interior paulistano encontrei um coronel PM aposentado cujo pai era da cidade de Milagres. Tive uma imensa alegria. Era como se tivesse pegando na outra ponta daquela corda que se desenrolara no passado remoto dos ônibus no rumo do sul.
Fico por aqui. Não era bem destas coisas que queria dizer. A praça da Estação com seu prédio histórico não era o motivo. Na verdade o rodeio era para chegar à fonte dos sabores mais sofisticados que a civilização ensinava. Estava numa sorveteria que ficava bem na esquina no lado oposto ao da loja de ônibus. E era exatamente o oposto, pois apenas neste ambiente tudo era diferente. Não se referia a idas ou chegadas. Não era uma estação. Era uma permanência.
A permanência da melhor salada de frutas que a humanidade já inventou ou inventará. De todas as frutas do Cariri. Banana, manga, mamão, abacate, abacaxi, sapoti, laranja e chega por aqui pois muito mais havia. Dependendo da época. Pedaços de frutas bem cortados, frutas frescas, nenhum de excesso de madureza. Eu viria do outro lado do universo para comer aquela salada de frutas. E se viesse com um sorvete, de pura fruta, excelente leite, o nosso cotidiano ficava aquela miniatura de desejo. Mas a vontade de retornar à salada do frutas do Bar Social é uma boa razão para se viver.
A Praça da Estação era o largo para fora da cidade. Bem no seu miolo, mas com todas as intenções voltadas para o embarque da jornada. Talvez nenhuma outra praça tenha recebido as beneses de tanto charme no centenário da cidade do que a Praça da Estação. Embora tenha que reconhecer a força da memória da Praça da Sé, com sua estrutura de ruína grega, os lagos e um mini-zoológico com jacaré, nada se compara à Praça da Estação.
Nela o charme neoclássico. A samaritana em sua eterna panha da água em ânforas. Os jardins bem trabalhados à moda inglesa. A estátua do Redentor nas alturas do olhar de pescoço dobrado. Os bancos de madeira. Alamedas, tantas ilhas de plantas que um transeunte não vislumbraria toda a sua paisagem. Existiam cantos fantásticos como aquele do Hotel. Só quem viveu naqueles idos sabe o peso de um hotel, com suas escadas de madeira, o segundo andar, o refeitório e os inúmeros quartos. Mas o mais extraordinário era justamente o hóspede, viajante, estranho, advérbio de modo.
Na praça tudo era de ida ou chegada. Na esquina a loja da viação de ônibus para São Paulo e Fortaleza. Nas suas intermediações vi muitas famílias se mudando para outra galáxia com as despedidas até o dia de juízo. Sumiram no Paraná, no interior de São Paulo. Só cartas perdendo fôlego de remessas ainda diziam da presença na terra. Este local era tão forte, que um dias destes indo a trabalho até Araçatuba nos cafundós do judas do interior paulistano encontrei um coronel PM aposentado cujo pai era da cidade de Milagres. Tive uma imensa alegria. Era como se tivesse pegando na outra ponta daquela corda que se desenrolara no passado remoto dos ônibus no rumo do sul.
Fico por aqui. Não era bem destas coisas que queria dizer. A praça da Estação com seu prédio histórico não era o motivo. Na verdade o rodeio era para chegar à fonte dos sabores mais sofisticados que a civilização ensinava. Estava numa sorveteria que ficava bem na esquina no lado oposto ao da loja de ônibus. E era exatamente o oposto, pois apenas neste ambiente tudo era diferente. Não se referia a idas ou chegadas. Não era uma estação. Era uma permanência.
A permanência da melhor salada de frutas que a humanidade já inventou ou inventará. De todas as frutas do Cariri. Banana, manga, mamão, abacate, abacaxi, sapoti, laranja e chega por aqui pois muito mais havia. Dependendo da época. Pedaços de frutas bem cortados, frutas frescas, nenhum de excesso de madureza. Eu viria do outro lado do universo para comer aquela salada de frutas. E se viesse com um sorvete, de pura fruta, excelente leite, o nosso cotidiano ficava aquela miniatura de desejo. Mas a vontade de retornar à salada do frutas do Bar Social é uma boa razão para se viver.