Tem chamado a atenção o crescente número de ônibus – conduzindo romeiros do Padre Cícero – estacionados na Praça da Sé, no centro de Crato. O que eles vêm ver na Catedral de Nossa Senhora da Penha? É que naquela igreja ainda hoje é preservada a pia, na qual o Padre Cícero Romão Batista teria sido batizado em 8 de abril de 1844. Por iniciativa do Cura da Catedral, Padre Francisco Edmilson Ferreira Neves, a histórica pia batismal foi restaurada e numa parede da capela batismal foi colocado um quadro com fotocópia do registro de batizado do Padre Cícero.
Aliás, a vida desse sacerdote é rica em episódios controversos. Um deles é a data do seu nascimento. No quadro que o Cura da Catedral de Crato colocou na capela batismal, fotocópia tirada da folha 61 do Livro de Batizados de
“Cícero, filho legítimo de Joaquim Romão Batista Meraíba e de sua mulher Joaquina Ferreira Castão. Nasceu em vinte e três de março de 1844 e foi batizado pelo pároco solenemente com santos óleos nesta cidade do Crato em oito de abril do mesmo ano. Foram seus padrinhos seu avô paterno Romão José Batista e Antônia Maria de Jesus, do que para constar mandei fazer este assento em que me assino. Manuel Joaquim Aires do Nascimento”.
Como se sabe, o nascimento do Padre Cícero foi sempre comemorado a 24 de março. Quando de sua estada em Roma, em carta datada de 24 de março de 1898, endereçada a sua mãe, o próprio Padre Cícero escreveu: “Hoje, que faço 54 anos e véspera da anunciação da Mãe de Deus...”.
Os que escreveram sobre este sacerdote interpretam esta divergência de data cada um a sua maneira. Otacílio Anselmo via nessa troca um sinal da “vaidade doentia” do sacerdote, com o intuito de vincular seu aniversário natalício ao dia 25 de março, quando a Igreja Católica festeja a Anunciação à Virgem Maria. Já o médico-historiador Irineu Pinheiro, autor de “Efemérides do Cariri” fez ali constar: “Sempre sua família, seus amigos e ele próprio festejaram seu aniversário natalício no dia 24 de março...”.
Controvérsias à parte, o registro no livro de batismo dando a data de 23, ao invés de 24 de março, poderá ter sido apenas um lapso normal, bastante corriqueiro, fruto de engano na informação ao vigário Manuel Joaquim Aires do Nascimento, ou mesmo simples lapso de transcrição.