O CRATO DE LUTA E TRABALHO
O meio geográfico guia, orienta marca e demarca os processos de Luta e Trabalho que os homens devem aplicar ou empregar no aproveitamento racional e produtivo, desse mesmo meio, e poder assim criar um Novo Mundo, modificado, cheio de paisagens humanizadas, de riquezas geoeconômicas ou puramente plásticas, culturais, como o são as obras de arte, materializando os seus planos mentais e ideológicos para o seu progresso coletivo, dependente da atitude dinâmica ou filosofia de vida geopolítica ou mesológica da sua liderança ou elite dirigente.
Os primeiros guerreiros que lutaram e trabalharam para um Crato próspero, foram os “Índios” Cariris, que resistiram à invasão dos estranhos na febre para ampliação do espaço agrícola monocultor. A vinda destes estranhos resultou na expulsão da população autóctone da Missão do Miranda e apropriação de suas terras. Hoje, boa parte dos que detêm o poder de gestão do nosso Crato são estranhos a nossa região, não conhecem a nossa Geopolítica! Cratenses, por que de Tasso para cá o Crato só fez perder? A culpa é de nosso povo que se esqueceu de lutar? Lutar pela Universidade Federal. Talvez a culpa possa ser nossa, que não acompanhamos e cobramos destes que ai estão para nos representar, estes que representam uma ELITE incompetente, covarde, que podem mandar seus filhos às capitais custeadas com o dinheiro do povo. E nós, simples proletários temos que nos contentar com a URCA, que a cada ano ficava mais sucateada e Elitizada. Para tentar ter acesso a ela, o trabalhador tem que desembolsar mais de 20% do seu mísero salário, sem esquecer de que o seu nível de educação caia mais do que a aprovação do antigo FEITOR que a administrava. Felizmente bons ventos trouxeram de volta esperança,e confiamos nesta nova administração, já que ela é constituída de Autóctones e não de Ciganos.
O Crato merece respeito, pois tivemos o primeiro jornal o Araripe a circular no interior cearense em 1855 e em 1875, com a Fundação do Seminário de Crato, a nossa cidade se firmava na posição de cabeça do Cariri, na época cabeças que pensavam e lutavam. E hoje?
As “secas” no interior nordestino foram as grandes responsáveis pela migração para o Crato, hoje temos uma nova migração, a dos incompetentes, que migram da capital e vêm escapar bancando pose aqui e arrotando teorias marcianas no Crato. O nosso povo não precisa passar por isto. Precisamos de um Crato dos cratenses para os cratenses. Essa elite alienígena, que nem no Crato mora ou vive, tem como missão a construção do não-lugar.
Precisamos resgatar e fortalecer a Geografia do Crato, Geografia que especula e comprova cientificamente que o Cariri geográfico é um complexo de forças cósmicas em perpétuo movimento e desenvolvimento com mutações, transformações progressivas, dialéticas ou catastróficas do quantitativo ao qualitativo, controlado por leis causais e efeitos fenomenais múltiplos. Que o Cratense foi, nas suas origens primitivas um produto telúrico, metabolizado de Chapada e Sangue, com um desenvolvimento gregário, atávico, plasmático do seu ambiente. O cratense é um animal geopolítico, geopsíquico, com um sentimento de pertença, daí uma lógica explicação para essas velhas paixões e manias que o cratense devota à terra onde se desenvolveu, cresceu e se multiplicou, emocionando-se com as paisagens geográficas, cheias de lembranças, amores, poesia, cores, perfumes, nativismo e regionalismo, que nada mais são que as marcas estereotipadas, ferradas, deixadas pelas forças naturais e culturais do nosso povo. Isso nada mais é do que o GEÓTIPO, ou antropogeográfico do cratense espalhados pelo Nordeste, Brasil e Mundo, onde são afamados e respeitados perante a vida regional, nacional e internacional. A GEOHISTÓRIA do cratense é um registro comprovante da nossa existência. Cratense é Cratense, Estranho é Intruso.
O Crato nasceu de uma evolução geohistórica das Terras e dos Homens, tendo como força motora o trabalho produtivo ou atividade econômica, modificadora, revolucionária do meio geossocial, que é responsável pela formação atrasada ou progressista do povo, das massas, conforme a intervenção técnica ou cultural da sua elite dirigente ou governante. Se a intervenção é feita sem ciência, sem teoria e prática, sem ideologia ou filosofia do planejamento e principalmente sem autonomia, o meio social, conseqüentemente, será um ambiente atrasado, pobre, desgraçado, desorganizado, vítima da exploração e da demagogia. A Chapada e os Homens, o Povo e Crato serão também atrasados, pois estão sob o domínio dos exploradores e demagogos. Os tiranos vivem às custas do atraso e da exploração do seu lugar, porque a exploração nunca foi trabalho produtivo. Será que vem daí a inércia do dos últimos 20 anos do Crato? Os gestores da nossa cidade insistem em processos de trabalhos atrasados, envelhecidos, rotineiros, vencidos e eleitoreiros. Cada um produz o que quer, ou não produz nada. Não há trabalho social organizado. Não há progresso planejado que venha melhorar as condições de vida do povo. A massa é retardatária e reacionária, chefiada pelos exploradores, demagogos, falastrões. É a geografia da corrupção, da ignorância e dos atrasadões. Embrutecedores. È uma geografia que prejudica o Crato e o Cariri.
Foram centenas de anos deixando sinais, vestígios, marcos, paisagens das lutas e trabalho dos cratenses – sangue, amores, poesia, fé, sofrimentos... Luta e Trabalho, virtudes e vícios, santos, heróis e bandidos. Lutando e Trabalhando os Cariris iniciaram Lutando e Trabalhando e nós continuaremos a construção de um Crato solidário, justo e orgulhoso.
João Ludgero Sobreira Neto
Geógrafo