Vez em quando, damos de cara nos rochedos, mas cheios de sonhos e tontos de paixão. Aprendizes da perfeição, tocamos praias do escuro continente, firmamos os pés nas areias e saltamos, outra vez, aos braços secos dos desejos, borboletas encandeadas na purpurina das estrelas.
Sabemos, talvez, o quanto dorme dentro do peito a certeza dos dias, sua claridade, seus cânticos maviosos de beleza e furor, a brisa que lava de paz o coração dos infiéis... Conhecemos de manchete a fome da visão, contudo fortes em querer espinhos quais alimento, e dói no sentimento o tanto que balbuciamos de prazer, esquecidos de buscar em nós próprios, de bem perto, só de estirar a mão, e saber que a Luz vive no íntimo das variações e nas horas que somem de tudo e deixam sempre fiapos grudados entre os dentes e o céu da boca. Amor, o amor, a matéria prima da felicidade, irmã maior da esperança e consciência absoluta de todo momento.
Isto, sim, o Criador na forma de suavidade que impera no Tempo, força descomunal, poder sem limites, razão das existências... Enquanto a gente prende os braços na ribanceira e fica assistindo restos de cenas fora do objetivo da missão de viver. Sei que preciso acordar sempre, os animais durmam o sono dos justos. Acalmar o firmamento pelas dobras destes segredos que fazem da gente espécimes de novas realizações, desde que aceitemos sonhar com as luzes de real intensidade.
(Ilustração: Colagem, Emerson Monteiro).