Desprezo com o patrimônio histórico não é só no Cariri: casa de JK, em Diamantina, fecha as portas por problemas financeiros
Causou grande repercussão, no Brasil inteiro, a notícia divulgada nesta
4ª feira, da grande perda para a cultura de Minas Gerais e para a
memória do país: depois de 35 anos em funcionamento, a “Casa de
Juscelino”, no Centro Histórico da cidade de Diamantina (MG) vai fechar
as portas na 5ª feira, dia 21. Funcionando a duras penas nos últimos
anos por causa da falta de repasse de verbas de convênios, o imóvel
histórico onde viveu Juscelino Kubitschek (1902-1976), ex-presidente do
Brasil (1956-1961), ex-governador de Minas Gerais (1951-1955) e
ex-prefeito de Belo Horizonte (1940-1945) terá seu memorial encerrado.
Casa onde viveu o fundador de Brasília, Juscelino Kubitschek
Situação do Patrimônio Histórico no Cariri
Antiga
casa do Senado de Crato, onde funcionava o Museu de Artes (fechado há 9
anos) e o Museu Histórico (funcionando precariamente)
Tirante a cidade de Barbalha, é lamentável a preservação dos prédios
históricos na conurbação Crajubar. Em Crato, as últimas medidas de
preservação ocorreram por iniciativa do governador Lúcio Alcântara
(período 2003 a 2006). Naqueles anos, a Secretaria de Cultura do
Ceará–Secult, dentre outras iniciativas, tombou o prédio da antiga
Prefeitura e Cadeia Pública de Crato (onde funcionavam os Museus
Histórico e de Artes Vicente Leite, o primeiro funcionando
precariamente, o segundo fechado há quase 9 anos); tombou o prédio da
antiga Estação Ferroviária (que resultou no exitoso Centro Cultural do
Araripe, hoje com poucas atividades), além do Sítio Caldeirão, na zona
rural, com a finalidade de preservar a memória da experiência
comunitária feita pelo Beato José Lourenço (onde nada foi feito até
agora).
Casa do Juiz de Direito Juvêncio Santana, recentemente demolida
Em Juazeiro do Norte, também não se pode aplaudir a preservação dos
prédios históricos. Recentemente, a antiga casa do juiz Juvêncio
Santana, personagem popular na História de Juazeiro do Norte, foi
demolida apesar dos protestos das instituições culturais e da imprensa
desta cidade.
Diocese de Crato possui dois seminários para formação de sacerdotes
Capela do Seminário Propedêutico de Crato, dedicada a São João Paulo II
Além do Seminário São José (que caminha para os seus 150 anos de
existência) a Diocese de Crato possui também o Seminário Propedêutico
Dom Fernando Panico, ambos destinados à formação dos padres diocesanos.
O Seminário Propedêutico Dom Fernando Panico foi inaugurado no dia 29
de dezembro de 2015. A Obra foi erguida no bairro Granjeiro, atrás da
capela de Nossa Senhora da Conceição, em meio as árvores e tem como
moldura o cenário e a vegetação da Chapada do Araripe. Possui uma área
de 700 mil metros quadrados, doada à Diocese, em testamento, pelo
Monsenhor Francisco de Holanda Montenegro.
Esse Seminário dispõe de oito dormitórios, sala de estudos, biblioteca,
atividade de informática e televisão, cozinha, refeitório, dispensa,
lavanderia, área de lazer, além de uma capela dedicada a São João Paulo
II, a primeira na Diocese a ter como patrono o Papa Polonês. Nas suas
instalações físicas foram homenageados com a denominação de dos
pavilhões o quarto Bispo Diocesano Dom Newton Holanda Gurgel e o
Monsenhor Francisco Montenegro. A biblioteca recebeu o nome do Monsenhor
Vitaliano Mattioli.
Caririenses ilustres: Dr. Leandro Bezerra Monteiro
Dr. Leandro Bezerra Monteiro (foto ao lado) nasceu
na cidade de Crato, no dia 11 de junho de 1826, filho primogênito do
Coronel José Geraldo Bezerra de Menezes e de Jerônima Bezerra de
Menezes, sendo neto do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, de quem
herdou o nome. Em 1847, com vinte anos de idade, iniciou o curso de
Ciências Sociais e Jurídicas, na Academia de Direito de Pernambuco, onde
recebeu o título de Bacharel, em 1851, com vinte e cinco anos de idade.
Durante seis anos, foi magistrado em Sergipe. Atraído pela política,
foi eleito vereador e presidente da Câmara da cidade de Maruim. Depois
foi Deputado Provincial (hoje deputado estadual). Em 1860, conseguiu o
mandato de Deputado Geral (hoje deputado federal). Reeleito, em
1872, Deputado Geral pela província de Sergipe, ganhou fama nacional,
devido ao episódio que passou à história do Brasil, como a “Questão
Religiosa”. Esta, chamada no início de “Questão Maçônica”, foi um
conflito ocorrido no Brasil – no último quartel do século 19 – entre a
Igreja Católica e a Maçonaria.
O que foi a “Questão Religiosa”
Em maio de 1872, o Bispo de Olinda e Recife, Dom Frei Vital Maria
Gonçalves de Oliveira, após várias e seguidas admoestações, interditou
uma confraria religiosa em Recife, da qual faziam parte dois padres e
vários leigos todos filiados à Maçonaria. Eles se recusaram a abandonar
essa sociedade secreta, apesar da nova proibição de católicos
pertencerem às lojas maçônicas, feita pelo Papa Pio IX. Também o bispo
do Pará, Dom Antônio Macedo da Costa, adotou idêntica providência, na
sua diocese. Ambos os bispos foram processados e presos por ordem do
presidente do Conselho de Ministros do Império do Brasil, Visconde do
Rio Branco, que era o grão-mestre da Maçonaria, no Rio de Janeiro.
Dom Vital e Dom Macedo Costa foram transferidos para o Rio de Janeiro,
onde foram condenados a trabalhos forçados, por quatro anos. Como era
previsível, o fato causou grande revolta, junto à sociedade brasileira,
àquela época majoritariamente católica. O Parlamento brasileiro passou a
ser o foco dos debates entre os que apoiavam os bispos e os que
defendiam a decisão do Visconde do Rio Branco. Os vários pronunciamentos
feitos na Câmara pelo deputado Leandro Bezerra Monteiro, em defesa dos
bispos Dom Vital e Dom Macedo Costa, constituiram-se em peças oratórias
de grande coragem. Ninguém o excedeu na defesa da Igreja Católica,
naqueles momentos difíceis para a Igreja Católica no Brasil. Seus
discursos tiveram grande repercussão em todo o Brasil e até no exterior.
Servo de Deus Dom Frei Vital, cuja beatificação poderá ocorrer neste ano