A repórter Elizângela Santos, em matéria divulgada em 18 de março de 2009 no antigo “Diário do Nordeste” (nos dias atuais, este jornal adotou o formato de tabloide. Isso me fez perder o atrativo pela leitura do “Diário do Nordeste”) publicou que, entre os livros remanescentes da biblioteca do Padre Cícero, consta um exemplar de um “dicionário Português–Chinês.
À primeira vista trata-se de uma coisa estranha. Padre Cícero interessado, em um idioma da China?
Mas para quem já leu um pouco sobre a vida daquele sacerdote, este fato
não surpreende. No primeiro capítulo do seu livro “O Patriarca de
Juazeiro”, à página 23, (2ª edição, Editora Vozes Ltda., 1969) o Padre
Azarias Sobreira escreveu:
“Nos
dois últimos anos que precederam sua ordenação de presbítero, o clérigo
Cícero Romão Batista andou lendo jornais e revistas do Velho Mundo, que
pintavam, de maneira impressionante, os esforços titânicos da Igreja,
através da “Propaganda Fide”, para a evangelização dos chineses. E tais
entusiasmos a grandiosa perspectiva gerou em sua alma, que, sem mais
hesitar, deliberou oferecer-se, como voluntário, para as temerosas
missões da China.
Já estava
acertando o projeto da partida, quando João Brígido, amigo particular de
sua família, no Crato, veio a tomar conhecimento daquela inesperada e
atordoante resolução.
Foi
quanto bastou para que o desabusado e indomável panfletário, conhecido,
já então, pelo seu agnosticismo, perdesse a calma e se desentranhasse em
protestos furibundos, aptos para desnortear uma vontade resoluta.
–
Não sei (teria dito João Brígido) não sei que religião é essa, que
vocês aprendem no seminário. Religião contraditória, que manda amar o
próximo, como a si mesmo, e bate palmas a um filho que vai abandonar a
mãe viúva, tendo nele o seu único arrimo e cuja única fortuna são duas
filhas órfãs. Arrenego desse seu espírito missionário, que se larga,
assim, para ensinar o cristianismo aos pagãos do fim do mundo, quando
nós temos um milhão de selvagens sem batismo e milhões de batizados que
não conhecem a Deus e ainda menos o abecê. O plano de evangelizar o
Oriente caiu por terra, não resta dúvida” (...)
A matéria publicada no “Diário do Nordeste”, ainda acrescenta:
“(segundo o padre José Venturelli) alguns dos livros (da biblioteca do
Pe. Cícero) são do período em que o sacerdote era estudante”. Ele supõe
isto, já que a assinatura nos livros não consta o costumeiro “Pertence
ao Padre Cícero”. Fica explicado a razão de o Padre Cícero possuir em
sua biblioteca um dicionário Português-Chinês, remanescente do tempo
quando ainda era estudante....
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