Amado Jesus, o Cristo personificado numa criança humilde e indefesa, é vosso aniversário!
Há
2017 nascias. Os homens negaram-te hospedagem. Nascestes num estábulo e
nenhum rei nascido em berço de ouro teve mais luz, mais amor, mais
ternura que vós, naquele recanto de Belém, ao som da celeste sinfonia
dos anjos que clamavam, felizes: “Glória a Deus no mais alto dos céus e
sobre a terra paz para os seus bem-amados”.
A Estrela que se formou no Céu de Belém conduzia pastores e sábios ao
vosso berço, para contemplar-vos e adorar-vos. Sim, adorar-vos, és Deus,
parte da Trindade Santa que um amigo e irmão nosso Santo Agostinho de
Hipona pensava descobrir e um dia, durante reflexão à beira-mar, viu um
menininho com um búzio tirando água do mar e colocando num pequeno
buraco que fez na areia. O Santo indagou ao menino: “Que fazes,
filho?”.
Ele respondeu: “Estou trazendo o mar para cá”. O
Santo diz-lhe: “É impossível”, ao que ouviu em resposta: “É mais fácil
eu trazer o mar para cá do que o Senhor descobrir o mistério da
Santíssima Trindade”. Deus-Menino-Trino És!
Meu Menino Jesus. Naqueles dias um sanguinário rei, muito revoltado com
vosso nascimento mandou matar todos os meninos que havia em Belém e em
todo o seu termo, de dois anos para baixo, e vimos confirmada a profecia
de Jeremias: “Ouviu-se um clamor em Ramá, choro e grande lamento; era
Rachel chorando a seus filhos, e não querendo ser consolada, porque eles
já não existem”.
Meu caríssimo Menino, sua terra – a Terra Santa –, mais uma vez passa
por conflitos. Desta vez um rei provisório (presidente) maluco, seguido
de outro resolveram tirar de Jerusalém o caráter internacional que ela
tem – cidade de todos os povos e nações – e reconhecem-na capital, um do
povo judeu; outro, do povo palestino. Senhor Menino Jesus, vós que tudo
vês e sabes, enxergas o que lá se sucede. O problema da paz é de todo o
mundo. Aqui no Brasil também padecemos disso. Nas grandes e pequenas
cidades se mata horrorosamente e a justiça humana nem sempre funciona
como deveria.
Um outro tipo de ameaça à paz é a corrupção.
Nunca se viu tanta corrupção nesta Terra da Santa Cruz e só vós podeis
nos encorajar a seguir.
Sabe Menino Jesus, é vosso aniversário e eu falando e lamuriando aqui.
Perdoe-me! O Senhor sabe. Eu não sei o que faço, como muitos dos homens e
mulheres, todos filhos vossos que caminham neste mundo buscando a Luz
que emana de vós!
Quero agradecer-vos pelas coisas boas com as quais nos premiastes. Como
este texto público, não enumerarei aquelas graças pessoais que em meu
coração ficam guardadas. Hoje mesmo recebi um presente vosso e agradeço,
de coração!
Querido Menino Jesus, agradecemos por todos os dons recebidos da
Trindade, mas, ainda assim, ousamos pedir-vos que faça reinar a paz na
terra (pacem in terris); sensibilize a todos a vos enxergar no sorriso
lindo das crianças (lembro-me de minha linda sobrinha Isadora, presente
vosso à nossa família), na sabedoria dos idosos, no amor dos pais e dos
filhos também. Ensinai-nos a respeitar as crianças e os idosos. Isso é a
essência do bom-viver e vós sabes muito melhor disso do que nós,
criaturas vossas. Peço-vos perdão por vos falar tão humanamente. És
Deus-Menino, mas, também é nosso irmão amado. Derrameis sobre nós todos
vossas bênçãos.
(*) José Luís Lira é advogado e professor do curso de Direito
da Universidade Vale do Acaraú–UVA, de Sobral (CE). Doutor em Direito e
Mestre em Direito Constitucional pela Universidade Nacional de Lomas de
Zamora (Argentina) e Pós-Doutor em Direito pela Universidade de Messina
(Itália). É Jornalista profissional. Historiador e memorialista
com vários livros publicados. Pertence a diversas entidades científicas e
culturais brasileiras.É colaborador do Blog do Crato.
Na
foto, o morrinho do presépio no Santuário Nacional de Aparecida (SP)
que este ano comemorou 300 anos do aparecimento da imagem da Padroeira
do Brasil