Naquela época não havia tantos males sociais e tanta falta de credibilidade das autoridades como vemos hoje
Praça Francisco Sá (mais conhecida como Praça de Cristo Rei), limpa, com jardins e bem cuidada. Era o ícone da cidade de Crato
O
historiador Irineu Pinheiro, no seu livro “O Cariri–seu descobrimento,
povoamento, costumes”, escreveu o tópico a seguir transcrito:
“Muito concorreu para o progresso do Crato a imigração de elementos de outras partes do Ceará, de algumas Províncias vizinhas. (...)
Na época de 50 (do século 19), fizeram-se no Crato prédios melhores que
os primitivos, os quais (antes) eram geralmente, de taipa. (...) A par
do aperfeiçoamento das construções urbanas, a partir da década de 1850,
refinavam-se os costumes no Crato. Famílias houve, faz quase um século,
que cultivavam certo luxo”. Naquela remota época, como não existiam os
meios de comunicação que hoje proliferam, era necessária a vinda de
pessoas de fora para melhorar o nível de civilização da sociedade
caririense”.
Poderíamos
acrescentar que nos anos 50 do século passado, o Cariri vivia sem
violência urbana. Até as pessoas simples (chamadas então de “povinho”;
diferente do jargão da esquerdona e da mídia de hoje que o chama
“povão”) se vestia decentemente e andava limpo. Havia respeito entre as
pessoas. Não existia consumo de drogas. As pessoas se tratavam com
urbanidade. Os políticos na sua grande maioria eram honestos.
Nos
dias atuais é tudo diferente. É bem verdade que as pessoas são mais
informadas. Outro dia, passei por uma modesta rua, com casinhas
simples, localizada na periferia abandonada de Crato (de ruas
esburacadas e iluminação pública precária), e vi um jovem – sentado na
calçada – com um notebook sobre os joelhos, acessando a Internet.
*** *** ***
O
preâmbulo acima foi necessário, para comentar o questionamento de um
estudante, feito em sala de aula, na Universidade Regional do Cariri, ao
refutar uma afirmação do seu professor que disse: “As cidades do
Crajubar (Crato-Juazeiro-Barbalha) são desenvolvidas, progressistas e
“civilizadas”. Na ocasião, um estudante pediu licença ao mestre e disse
mais ou menos isto:
“Civilização é um estágio da cultura e educação de um povo, que resulta
em progresso social, científico, político, econômico e artístico. Os
países da Europa, o Canadá e os Estados Unidos podem ser chamados de
civilizados.
Já nas cidades do chamado Crajubar está apenas ocorrendo um crescimento econômico com concentração de renda e um inchaço da população. Basta olhar em volta para ver que as ruas da periferia dessas cidades são sujas, não têm saneamento, nem arborização. Muitas nem têm sequer calçamento. Nossas praças são mal cuidadas, não possuem jardins e vivem abandonadas; o consumo de drogas cresce visivelmente, principalmente do “crack”.
Já nas cidades do chamado Crajubar está apenas ocorrendo um crescimento econômico com concentração de renda e um inchaço da população. Basta olhar em volta para ver que as ruas da periferia dessas cidades são sujas, não têm saneamento, nem arborização. Muitas nem têm sequer calçamento. Nossas praças são mal cuidadas, não possuem jardins e vivem abandonadas; o consumo de drogas cresce visivelmente, principalmente do “crack”.
As
pessoas estão sendo assaltadas à luz do dia. Nossas bibliotecas
públicas, quando existem, têm um funcionamento precário e não são
frequentadas pela população. A saúde pública é uma vergonha. O trânsito
de veículos virou um caos, principalmente no centro de Crato. O
subemprego crescente triplicou o número de “flanelinhas” e
“trombadinhas” no centro das cidades. E, na Região Metropolitana do
Cariri, não existe uma única farmácia homeopática digna desse nome”.
O professor ficou calado...
Quarteirão
da Rua Santos Dumont na década 50 do século passado. É o mesmo
quarteirão onde hoje vendedores ambulantes assam churrasco nas calçadas,
em meio ao lixo, poluição sonora e transeuntes de bermudas e camisas
regatas e chinelão nos pés