O ex-presidente Lula virou réu pela terceira vez. A acusação é de ter beneficiado a Odebrecht em contratos do BNDES. Nesse caso, em troca de propina. O ex-presidente e outras dez pessoas foram denúnciados na segunda-feira (10) e agora o juiz responsável pelo caso abriu ação penal contra todos eles.
A denúncia foi aceita pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília. Com isso, o ex-presidente Lula passa a ser réu em três ações penais, duas em Brasília e uma no Paraná. Além de Lula, a denúncia atinge o sobrinho da primeira mulher dele, Taiguara Rodrigues dos Santos, o empresário Marcelo Odebrecht e outras oito pessoas. Nesta ação, todos são acusados de participar de fraudes em contratos de financiamento do BNDES. Segundo o Ministério Público Federal, Lula atuou junto ao banco e a outros órgãos públicos para favorecer a Odebrecht em empréstimos para obras realizadas em Angola. Em troca, ainda de acordo com o Ministério Público, a empreiteira teria pago cerca de R$ 20 milhões em propina. Segundo a denúncia, o esquema funcionou entre 2008 e 2015. De acordo com os procuradores, até o fim de 2010, Marcelo Odebrecht, Lula e Taiguara aliaram-se para praticar crimes de corrupção ativa e passiva.
Depois que deixou a presidência, Lula teria feito tráfico de influência. Ao longo da denúncia, Lula também é acusado de participar de organização criminosa e de 44 operações de lavagem de dinheiro.
Segundo o juiz do caso, "se trata de denúncia plenamente apta, não se incorrendo em qualquer vício ou hipótese que leve à rejeição, até por descrever de modo claro e objetivo os fatos imputados aos denunciados, individualmente considerados, em organização criminosa, lavagem de capitais e corrupção." Além da condenação dos acusados, o Ministério Público Federal pediu a reparação de danos materiais e morais no valor mínimo de R$ 21 milhões, atualizados pela inflação.
O juiz deu dez dias de prazo para que a defesa dos réus apresente documentos e indique provas e testemunhas que deseja que sejam ouvidas. Os advogados de Lula disseram que ele é vítima de uma guerra de manipulação com o uso de acusações absurdas e sem provas. Segundo os advogados, Lula jamais interferiu na concessão de qualquer financiamento do BNDES.
A defesa de Marcelo Odebrecht não quis comentar.
A defesa de Taiguara dos Santos disse que vai se manifestar nos autos do processo.
A suposta propina teria sido repassada por meio da empresa de Taiguara dos Santos e da contratação de palestras do ex-presidente.
Fonte: G1