Fonte: “O Estado de S. Paulo”, 13 de abril de 2016
Anúncio de Ciro Nogueira foi feito após bancada da Câmara fechar posição majoritária a favor do impeachment de Dilma; 31 deputados foram favoráveis e 13 contrários ao afastamento
BRASÍLIA - O presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), anunciou na noite desta terça-feira, 12, o desembarque do partido do governo Dilma Rousseff. O dirigente disse que orientou os indicados pela legenda a entregar os cargos que possuem no governo.
Nogueira anunciou o desembarque logo após receber das mãos do líder do PP na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PB), o resultado da reunião da bancada da Casa realizada nesta tarde, na qual a maioria dos deputados decidiu fechar posição "majoritária" a favor do impeachment.
Presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI)
Dos
47 deputados do PP, 44 participaram da reunião da bancada. Desses, 31
votaram a favor do impeachment e 13 contra o impedimento de Dilma. Houve
ainda dois deputados que se disseram indecisos. Os outros não
compareceram ao encontro, entre eles, o ex-líder do PP na Câmara,
Eduardo da Fonte (PE).
Na prática, a decisão da bancada do PP na
Câmara não significa um "fechamento de questão". O próprio presidente da
legenda e Aguinaldo Ribeiro deixaram isso claro, ao esclarecerem que o
partido não vai “perseguir ou penalizar” aqueles parlamentares que não
seguirem a posição majoritária da bancada.
“Não me cabe outra
alternativa a não ser acatar a decisão da bancada”, afirmou Ciro,
dizendo que, até então, era contra o desembarque. Aliados dele, contudo,
confirmaram que o dirigente estava ciente de todo o processo que
culminou com a saída do PP da base aliada do governo Dilma.
Prova
disso é que, antes mesmo de fazer o anúncio oficial, Nogueira já tinha
orientado aos indicados do partido que entreguem suas cartas de
renúncias dos cargos, principalmente o ministro da Integração Nacional,
Gilberto Occhi, e os diretores-geral do DNOCs e da Codevasf.
Ex-ministro
das Cidades do governo Dilma, o líder do PP sinalizou que deverá mudar
de posição e passará a votar a favor do impeachment no plenário. “Sou
líder de uma bancada, tenho que acompanha”, afirmou. Ontem, Aguinaldo
tinha votado contra o parecer pró-impeachment na comissão especial da
Câmara.
Nessa segunda-feira, 11, contudo, o deputado Maurício
Quintella (AL) deixou a liderança do PR para votar a favor do
impeachment. Segundo o parlamentar, cerca de 25 dos 40 deputados da
sigla devem acompanhá-lo. Já o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), votou a
favor do parecer pró-impeachment na Comissão Especial.