Estamos terminando oano de 2015 com muitos questionamentos não respondidos, com indagações, insatisfações,decepções, etc. Em se tratando da nossa realidade local, podemos dizer que vivemos a "era do caos". O mais agravante é que este momento critico não se trata apenas neste ou naquele setor.Além da problemática vivida por todos nós, dentro da política ou melhor no legislativo e executivo do município do Crato, tivemos a nossa Igreja Católica sendo alvo de denúncias, críticas, reportagens difamatórias anônimas, troca de ofensas,etc. Diante deste quadro caótico em que se encontra nosso tão conhecido e amado " Cratinho de Açucar", poderemos fazer uma bela reflexão sobre um texto intitulado Prece a Deus, do filósofo Voltaire. Apesar do tempo cronológico em que foi escrito, traz para os dias de hoje, principalmente para as pessoas que buscam incansavlemnete a aquisição do "poder",para as que se acham superiores, preonceituosas, intolerantes e que buscam a todo custo usar do seu cargo de gestor, seja na política,nas empresas ou mesmo na igreja, obter ganhos individuais sem pensar nos interesses da coletividade que a representa. Que possamos recuar e fazer uma análise de qual está sendo nossa postura frente aos novos desafios deste novo século.Boa Leitura.
Não é mais aos homens, portanto,
que eu me dirijo, mas a você, Deus de todos os seres, de todos os mundos e de
todos os tempos; se a frágeis criaturas perdidas na imensidão e imperceptíveis
ao resto do universo, for permitido ousar pedir algo a você, você que tudo
concedeu, você cujos decretos são tanto imutáveis quanto eternos, digne-se
olhar com piedade aos erros ligados à nossa natureza; que tais erros não se
transformem em calamidades.
Você não nos deu um coração para
odiar nem mãos para nos degolarmos uns aos outros; faça com que nos ajudemos
mutuamente a suportar o fardo de uma vida penosa e passageira; que as pequenas
diferenças entre as roupas que cobrem nossos corpos débeis, entre todas as
nossas línguas insuficientes, entre todos os nossos costumes ridículos, entre
todas as nossas leis imperfeitas, entre todas as nossas opiniões insensatas,
entre todas as nossas condições tão desproporcionais a nossos olhos, mas tão
iguais diante de você; que todas estas pequenas nuances que distinguem os átomos
chamados homens, não sejam sinais de ódio e de perseguição; que aqueles que
acendem velas em pleno meio-dia, para celebrar você, suportem aqueles que se
contentam com a luz de seu sol; que aqueles que colocam sobre a roupa um véu
branco para dizer que é preciso amar você, não detestem os que dizem o mesmo
debaixo de um manto de lã negra; que aqueles cujas roupas são tingidas de
vermelho ou púrpura, que dominam uma parcelazinha de uma porçãozinha do
barro deste mundo e que possuem alguns fragmentos redondos de certo
metal, usufruam sem orgulho daquilo que eles chamam de grandeza e riqueza, e
que os outros os olhem sem inveja: pois você sabe que nessas vaidades não há o
que invejar nem do que se orgulhar.
Possam todos os homens lembrar-se
de que são irmãos! Que todos tenham horror à tirania exercida sobre as almas,
do mesmo modo como acham execrável a bandidagem que toma à força o fruto do
trabalho e da indústria pacífica! Se os flagelos da guerra são inevitáveis, não
nos odiemos, não nos dilaceremos uns aos outros no seio da paz e empreguemos o
instante de nossa existência a bendizer igualmente em mil línguas diversas, do
Sião à Califórnia, a sua bondade, que nos concedeu este instante.
Fonte: Tratado sobre a Tolerância -
por ocasião da morte de Jean Calas (1763), cap. XXIII.