Durante a missa das 5 horas da tarde, desta 5ª feira –dia 31 de outubro – comemorativa
aos 150 de nascimento de Dom Quintino, 1º Bispo de Crato, Dom Fernando Panico
vai divulgar um Decreto Diocesano, reconhecendo oficialmente São Fidelis de Sigmaringa (na foto ao lado)
como co-padroeirao da Catedral e da cidade de Crato.
Por
que São Fidelis Sigmaringa?
Em janeiro de 1745, conforme
pesquisa do historiador Antônio Bezerra, foi colocada numa das paredes da,
então, capelinha de Nossa Senhora da Penha uma pedra com uma inscrição em latim.
Tratava-se do registro da consagração e dedicação do pequeno e humilde templo,
início da atual catedral de Crato. A inscrição foi feita por frei Carlos Maria
de Ferrara, e nela constava que a capelinha fora consagrada a Deus Uno e Trino
e, de modo especial, a Nossa Senhora da Penha e a São Fidelis de Sigmaringa, este
último considerado de fato o co-padroeiro de Crato. A partir de hoje ele é
oficialmente o Co-padroeiro desta cidade. Abaixo, o texto constante da
inscrição rupestre, infelizmente desaparecida:
Uni Deo et Trino
Deiparae Virgini
Vulgo – a Penha
S Fideli mission.º S.P.N. Fran, ci
Capuccinor.m
Protomartyri de
Propaganda Fide
Sacellum hoc
Zelo, humilitate
labore
D. D.
Sup. Ejusdem Sancti.i Consocy F.F.
Kalendis January
Quem
é São Fidelis?
São Fidélis, chamado no batismo Marco
Rey, nasceu em Sigmaringa, na Alemanha, em 1577. Estudou Direito em Friburgo e
exerceu advocacia com tal amor à justiça que foi chamado o “advogado dos
pobres”. Era um cristão reto e piedoso, tornando-se advogado justo e cheio de
caridade. Assumiu sempre gratuitamente a defesa dos necessitados. Aos 35 anos,
para evitar os perigos morais que comportava a sua carreira, deixou as leis e
decidiu seguir outra vocação.
Disse alguém que ele teria deixado sua
profissão de advogado pelo medo que tinha de vir a cair em alguma daquelas
injustiças que parecem inevitáveis nesta profissão. Fez-se capuchinho em
Friburgo onde tinha frequentado os estudos de Direito. Impôs-se a si mesmo
viver em obediência, pobreza, humildade, com espírito de penitência, de
austeridade e de sacrificada renúncia. Foi ordenado presbítero em 1612,
tornando-se grande pregador da Palavra de Deus
Eleito Guardião do Convento de Weltkirchen,
na Suíça, entregou-se fervorosa- mente ao apostolado num momento particularmente
difícil da vida da Igreja. No cantão suíço dos Grijões, verificou-se, naquela
altura, a dolorosa separação que dividiu católicos e calvinistas, tendo
degenerado em sangrenta guerra política entre os Valões e o Imperador da
Áustria. São Fidélis alimentou sempre no seu coração o desejo de derramar o seu
sangue pelo Senhor e foi ouvido por Deus. Enviado para a Suíça pela Congregação
da Propaganda da Fé com o fim de orientar uma missão entre os hereges sucedeu
que as numerosas conversões ali verificadas lhe atraíram a ira e o ódio das
autoridades que acabaram por interrompê-lo com disparos de espingarda numa das
suas pregações em Seewis.
A seguir, foi agredido fora da igreja
em que pregara e depois ferido de morte. Seu corpo acabou por ser barbaramente
esquartejado. Era o dia 24 de abril de 1622. Tinha 45 anos. Sua morte impressionou
até os seus mais acirrados inimigos e teve como fruto imediato à pacificação
entre eles. Os acontecimentos que se seguiram imediatamente mostraram bem que o
sacrifício de São Fidélis não tinha sido em vão. É o protomártir da Sagrada
Congregação da Propaganda da Fé. Foi canonizado por Bento XIV aos 29 de junho
de 1746.
Ao lado esquerdo, foto da relíquia de São Fidelis de Sigmaringa que a partir de hoje pode ser venerada na Catedral de Crato
(Fonte: Diocese de Crato)