"À heroica memória de todos os outros servos de Deus cuja devoção não merecemos, de cujas orações não somos dignos, de cujo amor não somos merecedores e cujos trabalhos incessantes são conhecidos apenas por Deus".–Taylor Caldwell, na abertura do seu livro “Servos de Deus”.
Por ocasião do início – nesta segunda feira, dia 6 de agosto – do retiro do clero da Diocese de Floresta-Pernambuco, no Centro de Expansão Dom Vicente Matos, surge a oportunidade de prestarmos uma pequena homenagem a dom Francisco Xavier Nierhoff, primeiro bispo daquela diocese, localizada no adusto sertão pernambucano.
Na verdade, a diocese de Floresta foi criada, pela primeira vez, em 1910, mas, devido às secas que assolavam constantemente o semiárido nordestino – provocando êxodo e inviabilizando economicamente parte do sertão do Pajeú – a diocese foi extinta e anexada – em 1918 – à Diocese de Pesqueira. Em 15 de fevereiro de 1964, o Vaticano recriou a Diocese de Floresta e nomeou como seu primeiro bispo – nesta nova fase – um sacerdote que residia em Crato desde 1943: o padre Francisco Xavier Nierhoff, à época diretor do Seminário Sagrada Família de Crato.
Padre Xavier Nierhoff – que apesar do sobrenome não era parente de padre Frederico – exerceu profícuo sacerdócio em Crato durante 21 anos. Foi o primeiro vigário da Paróquia de São Vicente Ferrer de Crato tendo ali permanecido entre 1947 e 1948. Acompanhou, desde 1943 – quando aqui chegou – a construção do Seminário da Sagrada Família de Crato. Naquele educandário foi Professor, Prefeito de Disciplina e Reitor. Nesse posto recebeu em 1964 a designação para a Diocese de Floresta, recriada pelo Papa Paulo VI, tendo assumido suas funções episcopais em 05 de janeiro de 1965.
Dom Xavier é reconhecido – dentre outras qualidades – como um bispo dinâmico e empreendedor. Só para citar um exemplo: na cidade de Floresta ele construiu, dentre outras obras, a nova e imponente Catedral do Senhor Bom Jesus dos Aflitos; o Palácio Episcopal; o Colégio Diocesano de Floresta e o Centro de Expansão daquela diocese.
Em 1988, ele renunciou à condição de bispo – por limite da idade –, e foi residir na cidade de Belém do São Francisco, localizada na mesma diocese que governou. Como bispo-emérito continuou a exercer seus deveres sacerdotais: celebrando, confessando, aconselhando e, sobretudo, construindo novas obras sociais para ajudar os pobres.
Em síntese, dom Francisco Xavier Nierhoff foi mais um dos abnegados e predestinados apóstolos de Cristo no Nordeste brasileiro. Para tanto, teve de deixar, em 1937, o seu torrão natal – a cidade alemã de Frondenberg, conhecida por suas baixas temperaturas, e se fixou nestas paragens do semiárido nordestino, conhecido pelo desconforto da pobreza e por suas elevadas temperaturas. Entre nós, ele deixou o registro de uma vida benemérita e nobre a serviço da causa da evangelização.