(excertos da apresentação feita por Armando Lopes Rafael,sem revisão do autor)
"Deus quer,o homem sonha, a obra nasce
Nestes versos do poeta português Fernando Pessoa temos um magistral mote para entender o que foi a produção deste livro de João Teófilo Pierre sobre o trabalho de reconhecimento da Universidade Regional do Cariri. Reconhecimento que contou com a participação decisiva do professor João Teófilo, membro ativo da luta pela criação da URCA, graças ao seu trabalho em conjunto com outros tantos sonhadores que viabilizaram a nossa Universidade.
Deus quer,o homem sonha, a obra nasce
(à esquerda, Monsenhor Ágio Augusto Moreira e João Pierre)
A URCA foi vontade de Deus
O sonho foi de toda a comunidade caririense
E no trabalho conjunto, no mutirão de homens e mulheres de boa vontade a obra nasceu.
Faltava um memorialista para contar tudo isso. A lacuna foi agora preenchida por este livro de João Teófilo Pierre...
Não foi sem surpresa que recebi, dias atrás, um pedido do caro professor João Teófilo, para apresentar, nesta ocasião, este seu livro URCA–do sonho ao credenciamento. Primeiro, porque o autor tinha à sua disposição, nesta cidade, nomes mais categorizados do que o meu para levar a cabo – certamente com mais brilhantismo – esta tarefa.
Segundo, porque conheço um pouco a índole dos membros da família PIERRE, e por conhecê-los, imagino que este pedido deve ter ocasionado certa apreensão ao João Teófilo, pois os integrantes do seu respeitável clã possuem uma característica – genética e cultural – qual seja, não gostar de fazer pedidos, mesmo os menores.
E sei disso não só por ouvir dizer.
O próprio João Teófilo confidenciou-me que o pai dele – o saudoso e exemplar cidadão Francisco Cícero Pierre – partiu mais cedo desta vida porque não queria incomodar parentes e amigos. O velho patriarca, logo após a morte de sua esposa afirmou que não tinha mais motivo para continuar vivendo depois da partida de dona Adalgisa. E chegou a afirmar: “meus filhos já estão todos criados e não quero incomodar ninguém”.
Os filhos de Francisco Cícero e Adalgisa também conservam esta característica de não gostar de incomodar as pessoas. Afirmei que os membros da família PIERRE formam um clã de pessoas exemplares. E isso incluí também suas posturas políticas. Dois de seus membros se aventuraram nesta ingrata seara: o próprio professor João Teófilo e o empresário Francisco José Pierre. E é bom esclarecer que quando falo em política, refiro-me ao sentido original e clássico do termo, qual seja, a de que a verdadeira política é a arte e a habilidade para tratar – com ética e honestidade – as relações humanas com o objetivo de obter resultados benéficos para a comunidade.
Se olharmos por este prisma podemos afirmar – sem medo de errar – que o professor João Teófilo foi um autêntico político quando se elegeu vice-prefeito desta cidade e quando exerceu o cargo de Secretário Municipal de Educação, Cultura e Saúde. Nessas duas funções, João Teófilo Pierre aplicou rigorosamente aquilo que o filósofo argentino, Henrique Dussel, definia como fruto da verdadeira finalidade da política: quando o ser humano dentro da maturidade consegue sair de si para olhar para o semelhante.
João Teófilo, na sua rápida incursão na política partidária, que não buscou, mas foi convocado, diga-se de passagem, agiu diferente da maioria dos que exercem o múnus político nos dias de hoje. Melhor dizendo dos que praticam a política com “p” minúsculo, como é praxe nesta infelicitada República, aonde – com raríssimas exceções – os políticos buscam o poder apenas para locupletar-se; para o enriquecimento ou vantagens pessoais, pelo desejo do mando; para o exercício da demagogia e para perseguir e humilhar os adversários e desafetos.
Por isso, caro professor João Teófilo, nunca é demais reconhecer que na sua passagem pela política, o Senhor agiu com honestidade e espírito público e sempre dentro da ética; praticou o bem e deixou como herança alguns benefícios à comunidade caririense – benefícios que ainda persistem nos dias atuais – a exemplo da sua iniciativa de criar o Museu de Artes Vicente Leite, hoje detentor de um dos maiores acervos de pinturas e esculturas em todo o estado do Ceará, bem como o seu trabalho árduo, quase anônimo, mas profícuo, juntando sua inteligência e esforço, às lutas de idealistas que tornaram realidade a nossa Universidade Regional do Cariri.
E o que dizer sobre o livro?
Esta obra – URCA–do sonho ao credenciamento – oportuniza que conheçamos também a relevante participação do autor na criação da Universidade Regional do Cariri. O livro, ora lançado, tem o mérito de preservar para futuras pesquisas históricas, a epopéia de um punhado de idealistas que transformou em realidade um sonho acalentado por várias gerações de caririenses.
Eram figuras respeitáveis, e eu até me atrevo a citar – mesmo com o risco de incorrer em alguma omissão involuntária, os nomes de Antônio Martins Filho, Dom Vicente de Paulo Araujo Matos, José Newton Alves de Sousa, Monsenhor Francisco Holanda Montenegro, Sarah Esmeraldo Cabral, Joaryvar Macedo, Plácido Cidade Nuvens, Pedro Felício Cavalcanti, Humberto Macário de Brito, Padre Gonçalo Farias Filho, Raimundo Coelho Bezerra de Farias, José Anchieta Esmeraldo Barreto, dentre outros.
Todos os citados e muitos outros cujo trabalho ficou no anonimato sonharam com uma universidade moderna associando ensino e pesquisa; contemplando diversas áreas do conhecimento; formando recursos humanos qualificados com o objetivo de contribuir para o crescimento da nossa região em todos os setores da atividade humana.
Este livro é resultado da pesquisa beneditina do professor João Teófilo Pierre, na qual ele resgatou para conhecimentos das futuras gerações algumas etapas do credenciamento da Universidade Regional do Cariri, instituição pensada, desde o princípio, como um modelo de universidade que fosse espaço de reflexão e crítica, plural e democrático.
Já se antevia, desde seu primevo planejamento, que a nossa Universidade Regional do Cariri não se consubstanciaria no vácuo, mas sim na parceria com a sociedade; ambas – sociedade e universidade – constituindo-se permanentemente nesta relação. Este ideário caracterizaria a URCA como o “lócus” permanente de reflexão e crítica acerca dos diferentes processos societários”.
(resumo -- excertos -- da fala de Armando Lopes Rafael)