Independentemente do real e potencializado vendaval capaz de, progressivamente, transformar-se em autêntico dilúvio econômico-financeiro a balançar seriamente a poderosa estrutura capitalista vigente nos dias atuais, duas são as “commodities” que hão de manter-se valorizadas no mundo globalizado, dada à perspectiva sombria que sua falta iminente provocará mundo afora: o petróleo e os alimentos.
Não importa que alcancem ou não sucesso as pesquisas e mais pesquisas que dia-a-dia vêm sendo realizadas objetivando a procura de fontes alternativas de energia capazes de substituir o petróleo (e hão de surgir, evidentemente, como o etanol e o biocombustível brasileiros, que já são uma agradável realidade), mas a verdade é que, em razão da imprescindível multiplicidade de usos comprovadamente estabelecidas, o finito “ouro negro” ainda continuará reinando e influenciando por muito tempo e sendo o objeto de desejo daqueles que almejam o desenvolvimento.
E aí o Brasil, providencialmente, entra em cena. País de dimensões continentais, de clima multifacetado, livre dos cataclismos naturais (tipo vulcões, terremotos e tais), com extensas áreas agricultáveis propícias às mais diversas explorações de culturas, bacia hidrográfica generosa e que começa efetivamente a ser gerida com competência e profissionalismo via construção de portentosas hidroelétricas e implementação e consolidação de projetos irrigatórios das suas caudalosas águas doces, a tendência natural é que nos tornemos o tal “celeiro do mundo”.
Parceiros e clientes potenciais é que não nos faltarão nessa formidável empreitada. Um único exemplo: do gigante oriental, China - que vem assustando e revolucionando o mundo em razão da sua impressionante arrancada desenvolvimentista - nos vem a alvissareira notícia da escolha do Brasil como parceiro preferencial para transações comerciais bilaterais. É que, em sendo um país também de dimensões continentais e detentor da maior população do mundo, os orientais esbarram na precariedade do seu pedregoso solo, impróprio à cultura agrícola (apenas 10% são aproveitáveis a tal mister), e ainda assim prejudicados pelo clima frio que não ajuda, além do que o país é varrido, aqui e acolá, por intempéries naturais que lhe causam sérios estragos (chuvas ácidas, por exemplo).
De outra parte, como sua produção petrolífera não atende à demanda de um parque industrial cada dia mais competitivo e eclético, abastecedor de todo o mundo, a China se vê na obrigação de importar quantidades cada vez maiores de petróleo, e petróleo fino, de qualidade, imprescindíveis ao funcionamento do seu poderoso parque fabril.
Pois bem, no primeiro trimestre desse ano, em plena recessão global e tomando por comparação igual período de 2008, a China incrementou em 61% suas compras do Brasil, suplantando os Estados Unidos e se tornando o principal importador de produtos brasileiros. Alguns exemplos: celulose, aumento de 650%; ferro fundido, 700%: soja, 120% e minérios de ferro, 40%; se a estes, agregarmos o petróleo e outros produtos, 76,6% da receita de exportações brasileiras tiveram a China como destino final, com incremento de 62,67% em valor e 41,47% em quantidade. (é evidente que os números ainda se nos apresentam modestos e irrisórios, em razão das perspectivas potenciais conjuntas, na condição de potencias ditas emergentes).
Especificamente, no tocante ao petróleo, com as descobertas gigantes no pré-sal o Brasil tende a figurar dentro em breve como exportador mundial potencial, com o diferencial que o fará após seu processamento e refino, agregando-lhe, assim, maior qualidade e, conseqüentemente, melhor preço; a conseqüência imediata disso é que, antes mesmo de iniciar o processo exploratório de reservas que o alçarão à condição de integrante do seleto grupo de membro da Opep, desde já temos atraído o interesse de grandes consumidores do combustível, evidentemente que entre os quais se inclui a China (hoje o terceiro maior mercado no mundo para as exportações da brasileira Petrobras, com tendência de alavancagem progressiva), com quem, mês passado, a Petrobrás já firmou um acordo de cooperação que garantiu um financiamento de modestos dez bilhões de dólares, em troca do fornecimento de petróleo.
Fato é que, como um grande demandante de “commodities”, a tendência natural é que a liderança da China nas compras brasileiras não se limite à transitoriedade, tendendo a se repetir nos próximos meses e em valores e quantidades cada dia mais robustas, segundo especialistas do setor.
E olhem que, aqui, propositadamente, referimo-nos apenas à China, “esquecendo” ou “deletando” o resto do mundo, mas que, obrigatoriamente, nos hão de cortejar em futuro não muito distante.
Resumo disso tudo ??? Apesar do ceticismo dos “eternamente do contra”, dos presságios negativos de maus brasileiros que por mero e deslavado preconceito torcem e exaustivamente pregam o quanto pior melhor, dos plantonistas estafetas do caos que se apegam a detalhes comezinhos e micros ao invés de concentrarem-se no macro, bem como da visceral e comprovada má vontade para com o atual Presidente da República, vamos chegar lá, sim, passando como um rolo compressor de “emergente” a real pujante potencia.
Por uma razão simplória, mas insofismável: para o Brasil, o futuro já chegou.
Autoria e postagem: José Nilton Mariano Saraiva