“Eu continuo a ser uma coisa só: um palhaço. O que me coloca em nível mais alto que o de qualquer político” (Charles Chaplin)
***************************************
Quando, na fase crepuscular da década de 80, ancorado na então maior votação da história, Lula (o “Cara”) da Silva, atual mandatário da nação, “esteve” Deputado Federal Constituinte, recusou-se, terminantemente, a concorrer à reeleição (mais que garantida e beneficiadora de outras candidaturas do partido) por entender que, salvo as exceções de praxe, aquela era uma casa usada e habitada por autênticos “picaretas” (chegou a quantificá-los, modestamente é bem verdade, em 300).
Semana passada, uma das exceções, o senador Cristóvão Buarque, um dos decanos da casa, num átimo de honestidade e desprendimento, ousou sugerir o fechamento do Congresso Nacional (Senado e Câmara) em razão da enxurrada de escândalos cabeludos recorrentemente patrocinados por seus (in)dignos pares; já o novato e recentemente falecido deputado Clodovil Hernandez, chegara a aventar a possibilidade de reduzir pela metade o número de parlamentares, na perspectiva esdrúxula de, em assim agindo, diminuir os tais escândalos.
A verdade é que, legislando em causa própria, já que autores de “leis” criadas visando beneficiá-los e aprovadas a toque-de-caixa objetivando institucionalizar a imoralidade hoje reinante, na podridão daquele ambiente a farra com o dinheiro público vige de há muito.
Agora, por exemplo, a “bola da vez”, entre tantas e tantas mazelas já denunciadas, é a indevida utilização da verba destinada ao pagamento de passagens aéreas no uso da atividade parlamentar, em finalidades outras, totalmente alheias à original; para alguns (o senador Tasso Jereissati, por exemplo), a “brincadeirinha” consistia em alugar, para seus deslocamentos, jatinhos particulares, ou mesmo de colegas, desde que estes, em tabelinha, também se dispusessem a alugar o do próprio (tudo, evidentemente, dentro de uma absurda legalidade, só que financiado com dinheiro público).
Um outro tanto (entre os quais os deputados cearenses Léo Alcântara/35 viagens, Marcelo Teixeira/35 viagens, Aníbal Gomes/24 viagens, Paulo Henrique Lustosa/24 viagens, Eugenio Rabelo/24 viagens e Ciro Gomes/viagens não quantificadas), naturalmente que “cansados e extenuados pelo excesso e acúmulo de trabalho”, valendo-se do nosso dinheirinho se mandaram para férias no exterior, evidentemente que acompanhados das respectivas famílias. Os destinos/quantidade de passagens emitidas contemplaram: Miami (EUA) 93; Paris (França) 44; Nova Iorque (EUA) 33; Buenos Aires (Argentina) 28; Milão (Itália) 18; Madri (Espanha) 11; Santiago (Chile) 09; Londres (Inglaterra) 03; Frankfurt (Alemanha) 02: Montevidéu (Uruguai) 02; Roma (Itália) 01 (dados disponíveis do site congressoemfoco); isso sem contar com aqueles mais “humildes e modestos” que se contentaram em passear com a família por esse Brasilzão continental afora (Porto Seguro-BA, Natal-RN. Manaus-AM e por aí vai).
No entanto, a coisa, que já era escandalosa por si só, tomou rumos e ares de verdadeiro escárnio quando se descobriu que o Deputado Federal Fábio Faria (PMN/RN), simplesmente patrocinava suas orgias sexuais, em Brasília, mandando vir de São Paulo, com passagens pagas pelo contribuinte, a prostituta global Adriane Galisteu (aquela mesmo, que andava com o saudoso Airton Senna, mundo afora, em troca de uma “mesada mensal”, conforme despudoradamente revelou em sua “obra prima”, o livreto “Caminho das Borboletas”) e que, também, recentemente viajou a turismo com a mãe Emma Galisteu à América (às nossas custas).
A bandalheira é tão grande, a falta de seriedade tão latente e o descaso tão recorrente, que, pressionados, os dirigentes do Congresso (também usuários das benesses) anunciaram na ultima quinta-feira (16), rotulando-a como moralizadora, uma poda de “astronômicos” vinte por cento na verba de passagens “de parlamentares” de todos os estados (o que, por via obliqua, acabou por legalizar e legitimar o uso da cota parlamentar por cônjuges e dependentes diretos).
O fato é que, independentemente de que seu comportamento e atitudes sejam considerados legal, ilegal, amoral ou imoral, nossos nobres (???) parlamentares não estão nem aí para com a aética farra patrocinada com o dinheiro público.
Quanto ao povão, popularmente conhecido por “massa ignara”, que se lixe, morra do bofe ou de inveja e se contente em "viver" dependendo de um desprezível e ridículo salário-mínimo !!! Afinal, quem mandou não valorizar o seu voto, sufragando autênticos crápulas, como eles ???
Particularmente, permitimo-nos repetir (num mesmo texto, sim, para que gravado fique na memória de todos), a soberba e precisa definição de Charles Chaplin sobre os ditos-cujos, emblemática do momento atual: “Eu continuo a ser uma coisa só: um palhaço. O que me coloca em nível mais alto que o de qualquer político”.
Autoria e postagem: José Nilton Mariano Saraiva