
Quero crer que esse sentimento é resultado de uma noite pessimamente dormida, atribuída , com certeza, àquela “azeitona” da empada, pois a própria empada jamais causaria esse transtorno, outro dia mesmo comi várias, e não continha a maldita “azeitona”, porém a da noite passada tinha, ela estava lá, tenho certeza, eu a vi. Já sei, fácil resolver o dilema: se o problema, apesar de não ter certeza, foi a “azeitona” irei apontar minha fúria em sua direção, não terei piedade serei severo e eficiente. A dúvida é um dos piores sentimentos que acompanha o ser humano, segundo o nosso dicionário dúvida seria, entre outras coisas, hesitação, vacilação, desconfiar, ora, nenhum desses adjetivos me assegura a clareza necessária para estabelecer a responsabilidade da “azeitona”, será correto atacá-la? Não sei, penso que sim, caso se confirme sua inocência, não tem problema, o tempo se encarregará de consertar os prejuízos causados, as dores, serão curadas, o remédio será o interregno entre a fatalidade “provocada” e o esquecimento que nunca virá.
A circunspeção nesse momento falou mais alto, tal qual uma criança que acorda no meio da madrugada e percebendo a escuridão implora pela presença do Pai, refleti que a causadora desse ímpeto de valentia que ora me atormenta, poderia ser não da “azeitona” , e sim da empada, apesar de, mais uma vez nunca ter tido qualquer problema com esse ultimo, todavia, sempre tem a primeira vez, e essa com certeza poderia ser a primeira vez. Decidi-me, ajustei meu canhão, estabeleci a meta, mirei o alvo, estava pronto para destruí-la, não a empada, eu quero a “azeitona”, essa é a grande causadora desse sentimento, aquela outra jamais faria isso, preparei para acionar o botão e de uma só tacada, exterminaria a “azeitona”. Nesse instante o telefone toca, atendo e do outro lado uma pessoa com uma voz um tanto quanto angustiada, falando totalmente arrítmico tenta me dizer a todo custo alguma coisa, peço-lhe que tenha calma e fale compassadamente, esse se controla, retoma a situação e me diz: Senhor, aquele refrigerante que lhe enviei ontem, juntamente com as empadas, estava estragado, por favor, peço que não o consuma. Após ouvir a preciosa informação, uma paz invadiu minha alma, a serenidade se fez presente, a quietação tomou morada, a lucidez me foi apresentada. Permaneci inerte por alguns minutos, entretanto, como que no passe de mágica, nova onda execrável de sentimentos se apoderou de mim, olhei para os lados, procurei o meu canhão, reajustei os seus comandos, agora precisava encontrar novo alvo, estava determinado, procurei a direção, apertei o botão e “bummmmm” , visualizei um clarão imenso, muita correria, muito desespero, alcancei o meu objetivo: a “azeitona”.....
Por : Luiz Claudio Brito de Lima.